"Um presidente pode mandar matar?" Advogado de Trump respondeu assim

Os juízes da comissão que avalia se o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, teria direito a imunidade sobre o assalto ao Capitólio, em janeiro de 2021, mostraram-se hoje céticos, durante uma audiência para a defesa apresentar os seus argumentos.

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© TANNEN MAURY/AFP via Getty Images

Notícias ao Minuto com Lusa
09/01/2024 18:04 ‧ 09/01/2024 por Notícias ao Minuto com Lusa

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"Um presidente poderia dar ordem a a um SEAL Team 6 [unidade de elite] para assassinar um rival político?", questionou a juíza Florence Y. Pan, do tribunal federal de recursos, em Washington, testando os limites da imunidade presidencial defendida pelos advogados de Trump.

O advogado do ex-presidente, John Sauer, respondeu que apenas o Senado, através de um processo de destituição, e não os tribunais, poderia julgar as ações do presidente, mesmo no caso de um assassínio político.

Com este argumento, os advogados de Trump procuram abrir o processo criminal por conspiração para obstrução de justiça, um procedimento oficial aberto contra o ex-presidente pelos acontecimentos do assalto ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, no qual se enquadra este pedido de imunidade.

"Se um presidente tem de ter medo sempre que precisar de tomar uma decisão controversa e tiver de se interrogar sobre se será preso por isso, ficará enfraquecido na sua posição", argumentou Sauer.

Os argumentos do advogado chocaram até a juíza Karen L. Henderson, a única dos três juízes do painel nomeado por um presidente republicano, George H. W. Bush (1989-1993).

"Penso que é paradoxal dizer que o seu dever constitucional de garantir que as leis sejam fielmente executadas lhe permite violar o direito penal", explicou Henderson.

O antes e o depois

Antes da pergunta que chocou, pelo menos, Henderson ter sido colocada em cima da barra do tribunal, Florence Y. Pan começou com um outro exemplo, questionando o advogado se um presidente poderia ser responsabilizado criminalmente se vendesse perdões ou segredos militares, caso não fosse destituído antes.

"Sim, desde que seja um ato oficial", foi a resposta de Sauer - à qual se seguiu o exemplo acima referido.

Perante a argumentação do advogado, Florence Pan rematou com: "Fiz uma pergunta de sim ou não”, disse, acrescentando: “Será que um presidente que ordenou que o SEAL Team Six assassinasse um rival político, que não sofreu destituição, estaria sujeito a processo criminal?”

Sauer ainda começou a argumentar da mesma forma, e Pan interrompeu-o: "Então a resposta é não" 
 

A audiência

Na segunda-feira, Trump anunciou que estaria presente hoje na audiência judicial em Washington, cuja presença não era obrigatória.

De acordo com os depoimentos dos jornalistas que assistiram à audiência, Trump esteve muito ativo, tomando notas e partilhando-as com o seu advogado.

Apresentando-se como vítima de uma cabala política, Trump diz que este caso judicial é mais uma tentativa, por parte da Casa Branca do democrata Joe Biden, de interferir nas eleições presidenciais deste ano, procurando prejudicar a candidatura republicana.

Trump, de novo em tribunal, defende imunidade: "Não fiz nada de errado"

O antigo líder dos EUA Donald Trump foi, esta terça-feira, ao tribunal federal de Washington, que irá analisar o seu pedido de imunidade criminal. Em conferência de imprensa, Trump voltou a criticar a atual presidência do país.

Notícias ao Minuto com Lusa | 17:28 - 09/01/2024

O caso sobre a imunidade está agora no tribunal de recurso porque, em dezembro, a juíza responsável pelo processo criminal, Tanya Chutkan, rejeitou os pedidos de Trump para tratar o assunto, tendo concordado em suspender o processo enquanto há um recurso da decisão.

É provável que, assim que o tribunal de recurso emita a sua decisão, uma das partes recorra novamente e o caso acabe no Supremo Tribunal dos Estados Unidos.

O ex-presidente procura assim evitar o julgamento pelo qual é acusado de vários crimes -- o mais grave é conspiração para obstruir um procedimento oficial -- que podem levar a um máximo de 55 anos de prisão.

O início do julgamento está previsto para 04 de março de 2024, em Washington, coincidindo com o calendário das eleições primárias para as presidenciais de novembro.

O litígio sobre a imunidade do ex-presidente, no entanto, pode, por sua vez, tornar-se uma estratégia dilatória da equipa jurídica de Trump, para adiar essa data.

[Notícia atualizada às 19h33]

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