"A morte em grande escala, a destruição [e] a dor dos últimos 100 dias", desde o início da guerra em Gaza, são "uma nódoa na nossa humanidade comum", declarou Philippe Lazzarini num comunicado divulgado enquanto se encontrava naquele território palestiniano.
"Completam-se cem dias desde que esta guerra devastadora começou, matando e deslocando a população de Gaza, na sequência dos ataques atrozes do Hamas e de outros grupos à população de Israel. Foram cem dias de provações e de angústia para os reféns e suas famílias", prosseguiu.
O que a população da Faixa de Gaza está a passar "é insuportável, com uma corrida contra o tempo contra a fome", alertou o alto responsável da ONU.
"A situação crítica das crianças é particularmente desoladora. Serão necessários anos para curar uma geração inteira de crianças traumatizadas", observou.
Lazzarini apelou também para que os edifícios como hospitais e instalações da UNRWA sejam poupados pelos beligerantes, argumentando que tais infraestruturas "nunca deveriam ser utilizadas por nenhuma das partes para fins militares" e acrescentando que 146 funcionários da UNRWA foram mortos desde o início da guerra.
A 07 de outubro, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) -- desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -- realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.139 mortos, na maioria civis, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas, e cerca de 250 reféns, dos quais mais de 100 permanecem em cativeiro.
Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre ao norte do território, que entretanto se estendeu ao sul.
A guerra entre Israel e o Hamas, que completa no domingo 100 dias e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza 23.843 mortos e mais de 59.000 feridos, na maioria civis, de acordo com o último balanço das autoridades locais, e cerca de 1,9 milhões de deslocados (cerca de 85% da população), segundo a ONU, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária.
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