Segundo os resultados provisórios divulgados de manhã pela Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI), a UDPS, do chefe de Estado congolês Félix Tshisekedi, obteve a maioria dos deputados no hemiciclo, seguida pelos partidos de vários aliados do Presidente do país.
Com cerca de metade dos lugares da UDPS, o partido do vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças congolês, Vital Kamerhe, ficou em segundo lugar, seguido pelos partidos do presidente do Senado (câmara alta), Modeste Bahati Lukwebo, e do vice-primeiro-ministro e ministro da Defesa, Jean-Pierre Bemba.
Mais atrás ficou o partido Juntos pela República, do empresário e antigo governador da antiga província de Katanga (sul), Moïse Katumbi.
Por outro lado, o partido de outro dos principais opositores de Tshisekedi, o Prémio Nobel da Paz de 2018 e ginecologista Denis Mukwege, não conseguiu entrar na Assembleia Nacional, uma vez que não ultrapassou o limiar exigido de 1% de votos.
Mais de 40 partidos ultrapassaram este mínimo e partilharão os 477 lugares que foram a votos, uma vez que as eleições não se realizaram nos territórios de Masisi e Rutshuru, na província oriental do Kivu do Norte, e no de Kwamouth, na província ocidental de Mai-Ndombe, devido à violência.
A CENI revelou os resultados depois de o Tribunal Constitucional congolês ter confirmado a vitória de Tshisekedi, a 09 de janeiro, com 73,47% dos votos nas eleições presidenciais realizadas no mesmo dia.
A tomada de posse do Presidente para um segundo mandato de cinco anos está prevista para 20 deste mês, apesar das críticas da oposição, que denunciou uma "fraude" maciça e apelou à repetição das eleições.
De acordo com o calendário eleitoral, o tribunal deve confirmar os resultados das eleições legislativas até 12 de março.
Mais de 40 milhões de pessoas -- dos mais de 100 milhões de habitantes do país -- foram convocadas a 20 de dezembro para votar nas mais de 75.000 assembleias para as eleições presidenciais, legislativas, provinciais e locais.
Segundo a CENI, foram registados cerca de 18 milhões de votos válidos, o que representa uma taxa de participação de 43%.
As caóticas eleições foram marcadas por atrasos e problemas logísticos, que obrigaram a prolongar a votação por vários dias, bem como por denúncias de irregularidades por parte da oposição.
A influente Conferência Episcopal Nacional (CENCO) destacou cerca de 24 mil observadores eleitorais, que denunciaram a compra de votos, casos de violência e intimidação contra eleitores, atrasos na abertura das urnas e expulsão de observadores, entre outros abusos.
A CENCO afirmou haver "numerosos casos de irregularidades" que poderiam alterar os resultados "em determinados locais" e solicitou uma comissão de investigação independente.
Na semana passada, a CENI invalidou as candidaturas legislativas de 82 candidatos de todo o país por corrupção, vandalismo de materiais de votação e intimidação contra funcionários eleitorais, entre outros.
Tshisekedi, filho de Etiènne Tshisekedi, antigo primeiro-ministro em três breves ocasiões, 1991, 1992/93 e 1997, chegou ao poder nas eleições de 2018, tendo sido criticado pela oposição e pela comunidade internacional, que consideraram o rival político Martin Fayulu o legítimo vencedor.
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