Os Hutis afirmaram, esta segunda-feira, que atingiram um cargueiro militar norte-americano, no Golfo de Aden, avança a Al Jazeera, citando um comunicado emitido pelo grupo. No ataque terão sido usados mísseis navais. Os Estados Unidos negam.
As forças dos Huthis "realizaram uma operação militar visando o cargueiro militar americano Ocean Jazz no Golfo de Aden", ao largo do sul do Iémen, "usando mísseis navais apropriados", disse o porta-voz militar do movimento apoiado pelo Irão, Yahya Saree.
Questionado pela agência France-Presse, um responsável do Departamento de Defesa dos Estados Unidos afirmou "não ter visto nada do género" e qualificou a informação como "falsa".
Desde meados de novembro, os Huthis dispararam vários mísseis e 'drones' contra navios que afirmam estar ligados a interesses israelitas, em apoio aos palestinianos na Faixa de Gaza, que enfrentam uma operação militar de Israel em grande escala desde os ataques do grupo islamita Hamas em solo israelita a 07 de outubro.
As investidas dos Huthis, que estão a perturbar o tráfego nesta região marítima essencial para o comércio mundial levaram os Estados Unidos a atacar várias vezes posições rebeldes e a designar o grupo iemenita como terrorista.
Os Huthis insistiram hoje que continuarão a "impedir que os navios israelitas" atravessem o Mar Vermelho e o Golfo de Aden até ao fim da guerra no território palestiniano e a "responder a qualquer ataque" contra o Iémen.
A Marinha dos Estados Unidos acusou hoje o Irão de estar "diretamente envolvido" nos ataques dos Huthis.
O vice-almirante Brad Cooper, comandante da 5.ª Frota da Marinha norte-americana, não chegou a acusar Teerão de dirigir os ataques individuais dos Huthis no Mar Vermelho e no Golfo de Aden, mas reconheceu que os ataques associados às autoridades iranianas ameaçam todo o Médio Oriente e não apenas o Golfo Pérsico e o Estreito de Ormuz.
"Claramente, as ações dos Huthis, no que diz respeito aos ataques à navegação mercante, são as mais significativas que vimos em duas gerações", disse Cooper, apelando para uma resposta firme da comunidade internacional.
Desde novembro, os Huthis lançaram pelo menos 34 ataques a navios através das vias navegáveis que conduzem ao Canal de Suez, no Egito, uma rota vital para o transporte de energia e cargas provenientes da Ásia e do Médio Oriente para a Europa.
Os Huthis - um grupo rebelde xiita que controla a capital iemenita, Sana, desde 2014 e em guerra com uma coligação liderada pela Arábia Saudita que desde 2015 apoia o Governo exilado do Iémen -- dizem que os seus ataques visam afetar Israel na sua guerra contra o movimento islamita Hamas.
No entanto, os navios visados pelos seus ataques, na maior parte das vezes, possuem apenas ligações ténues com Israel -- ou mesmo nenhuma.
Nos últimos dias, os Estados Unidos lançaram sete vagas de ataques aéreos contra instalações militares Huthis, visando bases aéreas sob o controlo dos rebeldes e locais suspeitos de lançamento de mísseis.
O ritmo dos ataques dos Huthis aos navios mercantes parece ter abrandado, à medida que os Estados e os seus aliados aumentaram as suas patrulhas navais numa região que se encontra sob elevada tensão devido ao conflito entre Israel e o grupo palestiniano Hamas.
[Notícia atualizada às 20h04]
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