Haley diz que "América não faz coroações" enquanto tenta travar Trump

A última grande rival de Donald Trump para a nomeação republicana, Nikki Haley, espera que os eleitores de New Hampshire estejam tão empenhados em manter o ex-presidente longe da Casa Branca que a apoiem massivamente.

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© Mel Musto/Bloomberg via Getty Images

Lusa
22/01/2024 21:56 ‧ 22/01/2024 por Lusa

Mundo

Eleições nos EUA

"A América não faz coroações. (...) Vamos mostrar a toda a classe da media e à classe política que temos um plano diferente em mente e vamos mostrar ao país o que podemos fazer", disse Haley na cidade de Franklin, em New Hampshire, acompanhada pela filha e pelo genro. 

É uma batalha difícil para a ex-embaixadora junto à ONU e antiga governador da Carolina do Sul. A maioria dos eleitores conservadores quer dar a Trump outra oportunidade de derrotar o atual Presidente, o Democrata Joe Biden, apesar da derrota do magnata nas presidenciais de 2020 e das 91 acusações criminais que enfrenta em quatro casos distintos.

Com as eleições primárias prestes a começar em New Hampshire, quase todos os principais republicanos alinharam-se com Trump. As sondagens em New Hampshire sugerem que o magnata derrotará Haley, embora a vantagem prevista seja menor do que a superioridade de 30 pontos que obteve nos 'caucus' do Iowa.

Haley disse hoje a jornalistas que espera um resultado mais forte do que no Iowa, onde ficou em terceiro lugar, atrás de Trump e do governador da Florida, Ron DeSantis, que desistiu no domingo da corrida eleitoral e anunciou o seu apoio ao ex-presidente.

"Este é um jogo de construção para nós. Sempre foi assim e sentimo-nos muito bem com isso", argumentou a candidata.

Trump planeou realizar o seu último comício de campanha antes da eleição na noite de hoje. O ex-chefe de Estado começou o dia em Nova Iorque devido ao julgamento por difamação que enfrenta, após um júri já ter determinado que abusou sexualmente de uma colunista na década de 1990, mas a sessão acabou cancelada por motivos de saúde de um jurado.

No evento de campanha de hoje, Trump espera ser acompanhado no palco por três dos seus ex-oponentes que agora o apoiam: o senador da Carolina do Sul Tim Scott, o empresário de tecnologia Vivek Ramaswamy e o governador da Dakota do Norte, Doug Burgum. 

A demonstração de força faz parte de um esforço mais amplo da equipa de Trump para garantir a vitórias nas primárias e demonstrar que o partido está a unir-se à sua volta.

Numa entrevista ao 'site' conservador Newsmax, gravada no domingo, perguntaram a Trump se pediria que Haley desistisse.

"Bem, eu nunca pediria isso, mas talvez ela devesse", disse. O candidato republicano classificou o estado de New Hampshire como "um lugar especial" para si, observando a vitória que obteve nas primárias de 2016.

"Eu amo este estado", afirmou.

 Embora os eleitores em New Hampshire tenham apoiado Trump por uma ampla margem em 2016, o estado é conhecido há muito tempo pela sua tradição moderada, incluindo permitir que eleitores não afiliados participem nas primárias do Partido Republicano. E Haley estava efetivamente em ascensão, o que levou a campanha de Trump e os seus aliados a gastar milhões a tentar atenuar o seu ímpeto.

Thalia Flores, uma ex-democrata que administra lojas de retalho, alterou o seu o registo eleitoral para "não declarado" no outono passado e planeia votar nas primárias republicanas de New Hampshire contra Trump. A eleitora diz que apoiaria Haley em vez de Joe Biden se tivesse oportunidade, embora nunca tenha votado num candidato presidencial republicano.

Mas admite estar preocupada com a possibilidade de as primárias serem "um tiro no escuro", sem apoio suficiente entre os conservadores tradicionais para Haley derrotar Trump.

A suspensão da candidatura de Ron DeSantis transformou New Hampshire numa disputa individual entre Trump e Haley, competição que a própria ex-embaixadora e uma longa linhagem de republicanos anti-Trump disseram querer.

Contudo, algumas evidências sugerem que Trump poderia estar melhor posicionado para capitalizar a saída de DeSantis do que Haley. 

De acordo com um levantamento feito pela AP VoteCast, os apoiantes de DeSantis em Iowa descreveram-se esmagadoramente como conservadores e Trump superou Haley em 53% contra 13% nesse grupo.

DeSantis imediatamente apoiou Trump após desistir, advogando ser claro que os eleitores republicanos preferiam o ex-presidente.

Nunca antes um candidato presidencial venceu as primárias em Iowa e New Hampshire e não conseguiu garantir a nomeação presidencial do partido.

"Se ela não vencer aqui, não haverá nenhum caminho para ela seguir em frente", disse James Blair, diretor nacional da campanha de Trump. 

"Os republicanos controlam o processo de nomeação. Estão com Donald Trump, crescendo a cada dia. Vemos consolidação em todos os lugares desde o Iowa", acrescentou.

Para ajudar a conseguir a vitória, a equipa de Trump afirma ter reunido uma equipa de 2.000 voluntários, com a campanha do ex-presidente já confiante num bom resultado em New Hampshire muito antes da saída de DeSantis. 

As sondagens mostram Trump com uma grande vantagem sobre Haley.

"Se for uma vitória de dois dígitos, então será uma explosão de proporções épicas em New Hampshire, especialmente considerando todo o tempo e dinheiro que ela gastou aqui", disse Blair.

A campanha de Haley tem reduzido as expectativas para New Hampshire depois de insistir durante semanas que uma vitória definitiva contra Trump era possível.

"Derrotar Donald Trump não é fácil. Ele é um rolo compressor", disse a gerente de campanha de Haley, Betsy Ankney, num evento de fim de semana organizado pela Bloomberg. 

"Mas como é que se come um elefante? Com uma mordida de cada vez. Temos que continuar a mostrar crescimento e progresso incrementais. Somos o último homem -- mulher -- de pé contra ele", sublinhou.

Leia Também: Borrell satiriza "fórmula mágica" de Trump para acabar guerra em 24 horas

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