"Assinámos hoje contratos no valor de 1,2 mil milhões de dólares [cerca de mil milhões de euros] para comprar centenas de milhares de munições de artilharia de 155 milímetros", disse Jens Stoltenberg, em conferência de imprensa no quartel-general da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), em Bruxelas.
O secretário-geral acrescentou que a NATO "está investida na aquisição conjunta" de munições de grande calibre, uma vez que os 'stocks' dos países do bloco político-militar estão depauperados pelo apoio à Ucrânia nos últimos dois anos.
Na mesma semana em que começa o "Steadfast Defender 2024", o maior exercício da NATO "em décadas", que vai simular no território europeu um conflito com a Federação Russa, Jens Stoltenberg considerou que está em curso "uma batalha pelas munições": "É importante que os aliados aumentem a sua capacidade".
O secretário-geral da NATO recordou também os contratos já estabelecidos no valor de quatro mil milhões de dólares [mais de 3,6 mil milhões de euros] para aquisição de armamento, por exemplo, para carros de combate, e ainda 5,5 mil milhões de euros [mais de cinco mil milhões de euros] para comprar mísseis de interceção Patriot.
A previsão de entrega do armamento é de 24 a 36 meses.
A NATO não pode comprar por si armamento, mas estes contratos possibilitam a aquisição conjunta por parte dos países que integram a organização.
Portugal é um dos países fundadores deste bloco político-militar, que ganhou relevância acrescida desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, como a principal retaguarda, ainda que indiretamente, do país invadido.
A NATO está empenhada em ajudar os Estados-membros na aquisição conjunta de munições e armamento, numa altura em que pode esmorecer o apoio à Ucrânia, dois anos depois da anexação de uma porção grande do território pelas tropas russas.
A guerra, que hoje é atrito, perdeu força na comunidade internacional, que desviou atenções para o agravamento das tensões no Médio Oriente e que mais rapidamente poderia espalhar para outros países.
Entre os países da NATO, os que pertencem à União Europeia são o que mantém uma posição mais firme de apoio à Ucrânia.
Nos Estados Unidos da América, o maior contribuidor para a Aliança Atlântica, a continuidade do apoio é incerta.
Um hipotético regresso do republicano Donald Trump à Casa Branca poderá fazer cair por terra a vontade de ver a Ucrânia vencer o conflito.
Trump disse no domingo que resolveria o conflito em 24 horas, declaração que motivou críticas do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pela proximidade que o antigo Presidente norte-americano tem com o homólogo russo, Vladimir Putin.
A própria campanha eleitoral para as presidenciais de novembro está a dominar as atenções políticas nos Estados Unidos.
Dentro da União Europeia apesar das sucessivas declarações de apoio ininterrupto, há vozes dissonantes, como a Hungria, que bloqueou um pacote de apoio de 50 mil milhões de euros até 2027, e até da Eslováquia, que ameaçou vetar uma entrada da Ucrânia na NATO para impedir um conflito internacional.
Na segunda-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, João Gomes Cravinho, assumiu que os 27 iriam falhar com a promessa de entregar um milhão de munições de 155 milímetros, até março.
[Notícia atualizada às 09h50]
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