"É lamentável que as autoridades francesas, que no passado foram com o nosso país um dos iniciadores do desanuviamento político-militar na Europa, estejam a prolongar com as suas ações a agonia do regime nazi em Kyiv", afirma a resolução aprovada pelos parlamentares russos dirigida à Assembleia Nacional francesa (câmara baixa do parlamento francês).
O texto foi publicado na página oficial na Internet da Duma, a câmara baixa do parlamento russo.
Em 17 de janeiro, o Exército russo declarou ter destruído um edifício em Kharkiv, no nordeste da Ucrânia, onde estavam instalados "mercenários, na sua maioria cidadãos franceses".
Segundo informou Moscovo na altura, 60 combatentes foram "eliminados" e 20 ficaram feridos.
Uma associação francesa pró-russa, SOS Donbass, divulgou na segunda-feira uma lista com os nomes de 13 "mercenários franceses" que se encontravam em Kharkiv na altura do ataque. Uma outra lista, composta por 30 nomes, foi entretanto publicada na plataforma Telegram.
Após o Exército russo ter anunciado o ataque, o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês desmentiu-o e denunciou "mais uma manipulação russa grosseira", sublinhando que a França "não tem 'mercenários', nem na Ucrânia nem em qualquer outro lugar".
Na sexta-feira passada, o embaixador francês em Moscovo foi chamado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros russo que transmitiu ao representante diplomático uma nota de repreensão pelo "crescente envolvimento de Paris no conflito na Ucrânia".
Estas acusações dirigidas a França surgem numa altura em que Paris intensificou, nas últimas semanas, as promessas de fornecimento de armas à Ucrânia no contexto de um acordo com Kyiv.
De acordo com uma fonte diplomática francesa, alguns dos nomes que figuram nas listas divulgadas por Moscovo são falsos, acrescentando que ainda há dúvidas sobre se algum cidadão francês foi morto no ataque russo.
Desde o início, em fevereiro de 2022, o conflito na Ucrânia atraiu voluntários estrangeiros para combater ao lado dos soldados de Kyiv.
No final de dezembro de 2023, uma fonte de segurança não identificada, hoje citada pela agência francesa AFP, estimava que existiam "algumas dezenas, menos de 50" combatentes franceses na Ucrânia, "todos de extrema-direita ou de ultra-direita".
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A Rússia invadiu a Ucrânia com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 após a desagregação da antiga União Soviética e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
Leia Também: Moscovo acusa Kyiv de ter abatido avião com prisioneiros ucranianos