Iraque denuncia "escalada irresponsável" dos EUA no seu território

O Iraque denunciou hoje uma "escalada irresponsável" dos Estados Unidos no seu território após os bombardeamentos contra milícias armadas pró-iranianas em represália pelos ataques aos seus soldados.

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© Murtadha Al-Sudani / Pool/Anadolu via Getty Images

Lusa
24/01/2024 20:30 ‧ 24/01/2024 por Lusa

Mundo

Iraque

Num contexto muito volátil, a embaixadora dos EUA em Bagdade, Alina Romanowski, encontrou-se com o chefe da diplomacia iraquiana Fuad Hussein para lhe entregar uma "carta importante" de Washington que será "estudada" pelo primeiro-ministro iraquiano, indicou um enigmático comunicado de Bagdade.

Na madrugada de hoje os ataques norte-americanos visaram as Brigadas do Hezbollah, uma fação filiada nos ex-paramilitares do Hachd al-Chaabi, no setor de Jurf al-Sakhr a sul de Bagdade, e a região de Al-Qaim (oeste), na fronteira com a Síria.

"Este ato inaceitável questiona anos de cooperação (...) e conduz a uma escalada irresponsável, num momento em que a região enfrenta um risco de extensão do conflito", advertiu o general Yehia Rasool, porta-voz do primeiro-ministro Mohammed Shia' Al Sudani.

Estes ataques norte-americanos coincidem com um contexto regional explosivo, dominado pela guerra na Faixa de Gaza que tem oposto Israel, aliado dos Estados Unidos, em particular ao movimento islamita palestiniano Hamas, apoiado pelo Irão.

Segundo o Hachd al-Chaabi, cujos combatentes estão integrados nas forças regulares, os bombardeamentos em Al-Qaim provocaram um morto.

Na tarde de hoje, o grupo de milícias Resistência islâmica do Iraque reivindicou três ataques com mísseis contra posições militares dos Estados Unidos no país e na vizinha Síria, numa resposta aos bombardeamentos norte-americanos da madrugada em território iraquiano.

O agrupamento de milícias disse em comunicado que os objetivos incluíram a base de Koniko, leste da Síria, e as instalações militares do aeroporto de Erbil, e de Ain al Asad, norte e oeste do Iraque, onde estão estacionadas tropas norte-americanas integradas na coligação internacional que combate o grupo 'jihadista' Estado Islâmico (EI).

"Este ataque insere-se no marco da sua resistência às forças de ocupação norte-americanas", prossegue o texto, onde se adverte que a Resistência Islâmica do Iraque "continuará a destruir os bastiões do inimigo".

O ministro da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, confirmou em comunicado "ataques necessários e proporcionados" no Iraque contra "três instalações utilizadas pelas Brigadas do Hezbollah", consideradas por Washington um grupo "terrorista", mas ainda por outros grupos alegadamente filiados ao Irão.

Washington possui cerca de 2.500 soldados no Iraque e cerca de 900 na Síria, envolvidos na coligação que dirige desde 2014.

Desde meados de outubro foram lançados mais de 150 ataques de 'drones' ou 'rockets' dirigidos às tropas norte-americanas e da coligação.

A atual situação força o primeiro-ministro iraquiano a um complexo jogo de equilíbrio. Após subir ao poder com o apoio de uma maioria parlamentar pró-Irão, procura em simultâneo preservar os laços estratégicos que prevalecem entre Bagdade e Washington.

No entanto, já exigiu a retirada da coligação internacional do Iraque, ao considerar que o fim desta missão "constitui uma necessidade para a segurança e a estabilidade" do Iraque.

Em comunicado, a formação do ex-primeiro-ministro Haider al-Abadi, um respeitado político xiita e que integra a maioria parlamentar, propôs uma iniciativa para "procurar saídas da crise em oposição a uma escalada".

Nesse sentido, pugnou por uma "neutralidade militar" do Iraque face aos conflitos regionais e a retirada total da coligação internacional.

Leia Também: Bagdade reitera críticas aos EUA pelos bombardeamentos no Iraque

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