"A nossa opinião é que as ações de Israel em Gaza não podem ser descritas como um genocídio, razão pela qual consideramos que a decisão da África do Sul de instaurar o processo foi errada e provocatória", afirmou o porta-voz do ministério, numa declaração a propósito da decisão provisória do TIJ no caso que opõe a África do Sul a Israel.
Nessa decisão, o TIJ anunciou que vai avançar com uma investigação às acusações de genocídio na Faixa de Gaza contra a população palestiniana perpetrado por Israel.
Paralelamente, o TIJ também decretou que Israel tem de acabar com os impedimentos à entrada de ajuda humanitária no enclave palestiniano --- que está cercado e a ser consecutivamente bombardeado desde o início de outubro --- e que as tropas israelitas têm de fazer tudo o que conseguirem para proteger a população palestiniana, apesar do conflito com o movimento islamista Hamas.
O TIJ também decretou a punição do incitamento ao genocídio, uma crítica que tem sido feito a vários governantes israelitas.
Face a isto, o porta-voz do ministério replicou: "Respeitamos o papel e a independência do TIJ. No entanto, declarámos que temos preocupações consideráveis em relação a este caso, que não é útil para o objetivo de alcançar um cessar-fogo sustentável".
O Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido entende assim que Israel tem "o direito de se defender contra o Hamas em conformidade com o Direito Internacional Humanitário (DIH), sublinhando que tem mantido essa posição desde o início.
"Congratulamo-nos com o apelo do TIJ à libertação imediata dos reféns e à necessidade de fazer chegar mais ajuda a Gaza. Estamos cientes de que é necessário fazer uma pausa imediata para que a ajuda entre e os reféns saiam, e depois queremos avançar para um cessar-fogo sustentável e permanente, sem um regresso aos combates", concluiu o porta-voz.
O mais recente conflito entre Israel e o Hamas foi desencadeado pelo ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano em território israelita, matando cerca de 1.140 pessoas, na maioria civis, e fazendo mais de 200 reféns, segundo números oficiais de Telavive.
Em retaliação, Israel, que prometeu eliminar o movimento islamita palestiniano considerado terrorista pela União Europeia e Estados Unidos, lançou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, onde, segundo as autoridades locais tuteladas pelo Hamas, já foram mortas mais de 26 mil pessoas -- na maioria mulheres, crianças e adolescentes.
O conflito provocou também cerca de 1,9 milhões de deslocados (cerca de 85% da população), segundo a ONU, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária.
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