Segundo dados da televisão BFMTV, que cita fontes oficiais regionais, estão envolvidos nos bloqueios cerca de 1.206 veículos agrícolas, tendo a polícia confirmado, por seu lado, 30 departamentos afetados e quase 800 tratores mobilizados na região de Paris.
Na sexta-feira, havia a indicação de 113 bloqueios e 17.500 agricultores mobilizados e um dia depois foram contabilizados 38 bloqueios com 700 agricultores.
Em torno de Paris, dos oito pontos de bloqueio planeados, foram instalados seis, no âmbito das mobilizações da Federação Nacional dos Sindicatos da Exploração Agrícola e da associação de Jovens Agricultores da Grande Bacia de Paris.
Está prevista uma reunião para esta tarde entre representantes da FNSEA e dos Jovens Agricultores com primeiro-ministro, Gabriel Attal, que denunciou a "concorrência desleal" dos produtos de outros países europeus com regulamentações diferentes.
Porém, os protestantes argumentaram que o governo ficou aquém das suas exigências.
"Viemos para defender a agricultura francesa", disse Christophe Rossignol, um agricultor de pomares orgânicos e outras culturas, lamentando que o setor está a "ir de crise em crise".
Alguns veículos carregavam cartazes declarando "não há comida sem agricultores" e "O nosso fim significaria fome para vocês".
O governo anunciou um contingente de 15 mil agentes da polícia no âmbito dos protestos, a maioria para a região de Paris, para impedir qualquer esforço dos manifestantes para entrar na capital.
O ministro do Interior, Gérald Darmanin, tinha advertido domingo que se, por um lado, as forças da ordem não vão impedir os bloqueios de estradas em redor de Paris, desde que sejam respeitadas "as propriedades e as pessoas", por outro lado vão intervir se os tratores tentem entrar ou bloqueiem Paris ou ainda se cercarem os aeroportos Orly e Charles de Gaulle.
Segundo a AP, elementos policiais e veículos blindados também estavam estacionados no centro de abastecimento de alimentos frescos de Paris, o mercado de Rungis, para onde foi anunciada a ida de uma coluna de protestantes.
O protesto decorre ao mesmo tempo que se regista uma crise alimentar global agravada pela guerra da Rússia na Ucrânia, um grande produtor de alimentos.
Os agricultores franceses afirmam que os preços mais elevados dos fertilizantes, da energia e de outros fatores de produção para o cultivo e alimentação do gado prejudicaram os seus rendimentos.
Os manifestantes também têm argumentado que o setor agrícola francês está excessivamente regulamentado e prejudicado pelas importações de alimentos provenientes de países onde os produtores agrícolas enfrentam custos mais baixos e menos restrições.
Para quinta-feira está previsto que o presidente francês, Emmanuel Macron, proponha à presidente da Comissão Europeia (CE), Ursula von der Leyen, várias mudanças na política agrícola dos 27, em particular nas regras de pousio e na entrada de produtos ucranianos.
"O contexto leva o presidente a esta discussão com a presidente da CE" na cimeira da próxima quinta-feira em Bruxelas, explicaram esta segunda-feira fontes do Eliseu, que se escusaram em dar mais pormenores.
As fontes insistiram na rejeição da França em avançar com o acordo de comércio livre assinado em 2020 entre a União Europeia e o Mercosul.
Os agricultores da vizinha Bélgica também montaram barricadas para impedir o tráfego de chegar a algumas das principais autoestradas, incluindo a capital, Bruxelas.
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