"Eu tenho uma voz muito crítica disso [o silêncio da comunidade internacional]. Gostávamos que a comunidade internacional andasse mais rápido, sobretudo que acompanhasse a nossa agenda, o que não acontece", disse Domingos Simões Pereira, em declarações à Lusa, no Parlamento Europeu, em Bruxelas.
O presidente da Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau considerou, no entanto, que "a comunidade internacional não anda propriamente distraída" em relação à decisão do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, de dissolver o parlamento no dia 04 de dezembro de 2023, quando, segundo a Constituição do país, não o poderia fazer nos 12 meses a seguir às eleições.
"Leva é mais tempo a chegar a conclusões e a tomar posições mais contundentes em relação à realidade. Neste momento, as várias instâncias, tanto a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), como a União Europeia, demonstram um grande conhecimento daquilo que está a acontecer na Guiné-Bissau", completou.
E fez um aviso: "Penso que querem dar uma chance a que a situação se resolva com base no diálogo e no entendimento, mas, não sendo possível, eu estou crente de que ações mais vigorosas irão acontecer".
Umaro Sissoco Embaló justificou a dissolução do parlamento com o que disse ter sido uma tentativa de subversão da ordem constitucional com o patrocínio da Assembleia Nacional Popular por, na sua interpretação, falhar nas funções de escrutínio ao Governo.
Em seguida, o Presidente demitiu o primeiro-ministro, Geraldo Martins, depois de este recusar formar um Governo de iniciativa presidencial, e nomeou, em substituição, Rui Duarte de Barros, episódios de uma crise que começou a ser desenhada na sequência de confrontos entre militares, nos passados dias 30 de novembro e 01 de dezembro.
O diferendo entre o Presidente guineense e Domingos Simões Pereira, que é também líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), arrasta-se desde as eleições presidenciais de 2019, cuja segunda volta foi disputada por ambos.
A coligação Plataforma Aliança Inclusiva (PAI) -- Terra Ranka, liderada pelo PAIGC, venceu as eleições legislativas de junho de 2023 com maioria absoluta.
Leia Também: Guiné-Bissau. Parlamento denuncia quadro que "fragiliza instituições"