"A magnitude do cancro está a subir", afirmou Freddie Bray, chefe do departamento de vigilância do cancro da Agência Internacional de Pesquisa em Cancro (IARC) da OMS, em conferência de imprensa realizada nas vésperas do Dia Mundial do Cancro, que se assinala em 4 de fevereiro.
O rápido crescimento da carga global de cancro reflete, segundo a OMS, o envelhecimento e o crescimento da população, bem como as alterações na exposição das pessoas a fatores de risco, muitos dos quais associados ao desenvolvimento socioeconómico.
"O tabaco, o álcool e a obesidade são fatores-chave por detrás do aumento da incidência do cancro, sendo a poluição atmosférica ainda um fator-chave dos fatores de risco ambientais", conclui a organização.
Em termos de carga absoluta, a OMS diz esperar que os países com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) elevado registem o maior aumento absoluto na incidência, com 4,8 milhões de novos casos adicionais previstos para 2050, em comparação com as estimativas de 2022.
No entanto, o aumento proporcional da incidência é mais impressionante nos países com IDH baixo (aumento de 142%) e nos países com IDH médio (99%), destaca, adiantando que, da mesma forma, se prevê que a mortalidade por cancro nestes países quase duplique em 2050.
O impacto deste aumento não vai ser sentido de igual forma nos países com diferentes níveis de IDH, alertando a OMS que aqueles que têm menos recursos para gerir "o fardo do cancro" são os que vão suportar o peso do fardo global do cancro.
Apesar dos progressos, a OMS alerta para as disparidades significativas nos resultados do tratamento do cancro, não apenas entre regiões de alto e baixo rendimento do mundo, mas também dentro dos países, avisando que "o local onde alguém mora não deve determinar se ele mora" e que "os números mostram urgência".
A OMS lembra as ferramentas que já existem para permitir que os governos priorizem os cuidados oncológicos e garantam que todos têm acesso a serviços de qualidade e a preços acessíveis.
"Esta não é apenas uma questão de recursos, mas uma questão de vontade política", defendeu, na mesma conferência de imprensa, o chefe da União Internacional para o Controlo do Cancro, Cary Adams.
Questionada pelos jornalistas sobre a relação da doença da covid-19 com o aumento de novos casos de cancro, nomeadamente por falta de exames de deteção precoce, a vice-chefe do departamento de vigilância do cancro da IARC, Isabelle Soerjomataram, disse que "foi mínimo" o impacto de mortes neste período e que foi "menos do que o esperado", mas sem adiantar dados ou mais pormenores.
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