"A situação da cólera em África é agressiva e mais prolongada em vários países", indicou a agência de saúde pública da União Africana (UA) num comunicado divulgado hoje de manhã, após uma cimeira virtual extraordinária dos líderes da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), na sexta-feira, para abordar a crise regional.
Na sequência da reunião, em que participou o África CDC, os dirigentes apelaram a uma maior coordenação regional para fazer face a uma crise, que o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alertou, em meados de janeiro, estar a afetar pelo menos 13 países da África Oriental e Austral, onde foram registados mais de 200.000 casos e mais de 3.000 mortes.
Por seu lado, o África CDC indicou que, de janeiro de 2023 a janeiro de 2024, foram documentados cerca de 253.000 casos e 4.190 mortes em 19 Estados membros da UA, com 72,5% das infeções detetadas no sul do continente.
Na RDCongo, a zona mais atingida pelo atual surto de cólera é o leste do país, onde a doença é endémica.
Nessa região, a violência alimentada por dezenas de grupos armados e pelo exército levou à deslocação de milhões de pessoas que vivem em campos onde as más condições de higiene facilitam a propagação da doença.
A Zâmbia e o Zimbabué, com mais de 600 mortes desde outubro e mais de 400 desde setembro, respetivamente, foram também gravemente atingidos pela doença diarreica aguda causada pela ingestão de alimentos ou de água contaminados pela bactéria 'vibrio cholerae'.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cólera continua a ser "uma ameaça global para a saúde pública e um indicador de desigualdade e falta de desenvolvimento".
A OMS adverte também que a crise climática é um fator que agrava a situação, já que muitos surtos se seguem a desastres naturais como inundações, ciclones e secas, devido à redução do acesso à água potável.
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