"Esta é uma questão relacionada com as pessoas que têm de dirigir a Ucrânia. Certamente é necessário um recomeço, um novo começo e quando falamos sobre isso, eu quero dizer que se trata de uma substituição de uma série de dirigentes do Estado, não apenas de um setor como os militares", declarou à televisão italiana RAI, quando questionado sobre o futuro do comandante-em-chefe Valerii Zaluzhnyi.
"Estou a refletir sobre esta substituição, é verdade, mas não se pode dizer que iremos substituir uma única pessoa e depois poderemos continuar (...). É uma questão que diz respeito a todo o grupo dirigente do país, que é grande e complexo", afirmou.
Zelensky disse que se a Ucrânia quiser vencer a guerra contra a Rússia, que começou há quase dois anos após a invasão do território ucraniano, "todos devem ir na mesma direção, convencidos da vitória" e sem desanimar.
"Quando falo em um novo começo, em mudança, tenho em mente algo sério e que não afeta apenas uma única pessoa, mas sim a liderança do país", assegurou.
O Presidente ucraniano também referiu que não considera a sua contraofensiva um fracasso.
O líder ucraniano referiu que na parte naval "aconteceram resultados positivos", ao fazer a Rússia perder o domínio no Mar Negro e destruir "muitos" dos seus navios e criando um corredor para os cereais.
Entretanto, Zelensky admitiu que no terreno "há uma estagnação".
"Em terra há um impasse, é um facto, porque faltou alguma coisa, houve atrasos nos equipamentos e atrasos significam erros. Lutamos contra terroristas que têm um dos maiores exércitos do mundo, são necessários meios técnicos modernos ", sublinhou o Presidente ucraniano.
Quase dois anos após a invasão russa, 36% do território ucraniano continua sob ocupação, mas Zelensky afirmou que "o exército russo não está a avançar significativamente".
"Nós os detivemos", disse, explicando que depois desses meses de combate a Ucrânia "é um país diferente, mais próximo da Europa, com um exército mais forte e equipado com meios ocidentais".
Por essa razão, apelou à continuidade da ajuda a Kiev e agradeceu à União Europeia por ter aprovado o novo pacote de ajuda no valor de 50 mil milhões de euros, aprovado depois de a Hungria ter levantado o seu veto.
"É uma ajuda importante e gostaria de agradecer a todos. Sem essa ajuda, a defesa é impossível. Sem esse dinheiro podemos perder o que temos e a Rússia não vai parar, temos que perceber tudo isto", alertou.
Zelensky espera manter o apoio dos Estados Unidos, mesmo que o ex-Presidente Donald Trump e o Partido Republicano regressem à Casa Branca nesse ano.
"Vivemos numa realidade em que algo muda todos os dias. Queremos acreditar que se houver mudanças nos Estados Unidos, a linha [da sua política externa] será a mesma. No Partido Republicano há vozes radicais, mas também há muitas pessoas que apoiam a Ucrânia", afirmou.
"Se tentarem reduzir o apoio à Ucrânia, haverá outro sistema geopolítico. [O Presidente russo, Vladimir] Putin quebrará a nossa defesa, avançará e não irá parar facilmente", alertou novamente Zelensky.
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