Mais de dois meses depois de ser libertada de Gaza, Emily Hand, de 9 anos de idade, já não sussurra aterrorizada. Contudo, há palavras que se recusa dizer.
A menina israelo-irlandesa que estava entre os reféns mais jovens do Hamas ainda se recusa a revelar os nomes dos seus captores ou do enclave palestiniano onde foi mantida.
Segundo a Reuters, na casa temporária que divide com o pai, Tom, um quadro branco apresenta o léxico do sofrimento: alimentos dos quais ela não gosta substituem memórias que a menina não quer reviver. A Faixa de Gaza é “a caixa”, terroristas são "azeitonas", uma pessoa sequestrada é “queijo”, uma pessoa assassinada é “requeijão” e sangue é "melancia".
“Às vezes não me sinto bem ao dizer tais palavras”, explicou a menina numa entrevista à Kan TV de Israel.
Tom revelou ainda que Emily dorme no quarto dele, como precaução contra os pesadelos que ainda sofre.
Emily estava numa festa de pijama quando foi levada pelo Hamas. O seu pai, Thomas Hand, chegou a pensar que a menina estaria morta e chegou mesmo a dizer-se "aliviado" com essa opção, uma vez que estar morto seria melhor do que ser refém do grupo.
Já depois destas declarações, as Forças de Defesa de Israel fizeram saber que não foi encontrado o ADN de Emily em nenhum dos corpos vítimas do ataque daquele dia, o que indicava que a menina estava viva e o que acabou por encher o pai da criança de esperança, mostrando-se arrependido do que havia dito.
A criança foi libertada a 17 de novembro, juntamente com outros 12 reféns.
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