O Papa Francisco denunciou, esta quarta-feira, a "hipocrisia" de quem ficou escandalizado com a sua decisão de permitir a bênção de casais do mesmo sexo, mas que não se manifesta noutras situações.
“Ninguém fica escandalizado se der a minha bênção a um empresário que explore pessoas, e isso é um pecado muito grave. Mas escandalizam-se se a der a um homossexual. Isto é hipocrisia”, disse o chefe da Igreja Católica, numa entrevista à revista italiana Credere, citada pela agência Reuters.
Já em janeiro, o pontífice defendeu que "o Senhor abençoa todos os que o veem" e que a Igreja deve tomar a mão deles e "não condená-los desde o início".
Em causa estão as críticas crescentes à Declaração ‘Fiducia Supplicans’, aprovada no passado dia 18 de dezembro, que permite aos clérigos dar bênçãos a casais do mesmo sexo ou "irregulares", sem que isso seja uma justificação ou equação para o casamento.
Apesar da resistência de alguns bispos em África, na Polónia e noutros lugares, o Vaticano defendeu, no início do ano, que a norma nada tem de "herético", ainda que tenha admitido que "a prudência e a atenção ao contexto eclesial e à cultura local podem permitir diferentes métodos de aplicação".
Esta foi a primeira vez que a Igreja se pronunciou claramente sobre a bênção de casais do mesmo sexo, assunto que gera tensões no interior da instituição, devido a uma forte oposição do setor conservador.
Desde a eleição, em 2013, que o Papa Francisco insiste na importância de uma igreja "aberta a todos", tendo, por isso, tomado várias medidas que suscitaram a ira dos conservadores.
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