Stéphane Dujarric sublinhou, na conferência de imprensa diária, que tiveram conhecimento do cancelamento "através dos meios de comunicação social", antes de este ser oficialmente comunicado.
O porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas, com sede em Nova Iorque, acrescentou que o cancelamento foi um protesto contra as declarações que Guterres fez esta quinta-feira, numa conferência de imprensa, sobre a guerra em Gaza.
Nessa conferência, Guterres questionou se o objetivo de Israel é apenas a destruição do Hamas, apontando para "a morte violenta de 28 mil pessoas, 75% da população [de Gaza] deslocada e um nível de destruição de bairros inteiros".
"O secretário-geral não disse nada que não tivesse dito antes", insistiu Dujarric, que lembrou como Guterres está aberto a receber qualquer delegação israelita que o solicite.
Esta postura de Ohana, que se reuniu esta quinta-feira com o presidente da Câmara de Nova Iorque, Eric Adams, e com a governadora do estado, Kathy Hochul -- ambos aliados firmes de Israel -- não é a primeira que Guterres é alvo por parte do Estado judeu.
O secretário-geral da ONU ainda não conseguiu que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, atendesse os seus telefonemas desde o início da guerra, e ouviu diferentes responsáveis do Governo israelita exigirem a sua demissão, devido a alegadas posições de Guterres pró-Palestina.
O ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Eli Cohen, também cancelou abruptamente uma reunião com Guterres em Nova Iorque, em 24 de outubro, depois de o antigo primeiro-ministro português ter dito ao Conselho de Segurança que os ataques do Hamas de 07 de outubro "não surgiram do nada", mas de sete décadas de ocupação.
Dujarric recordou hoje que há várias semanas um grupo de familiares de reféns israelitas detidos pelo Hamas se manifesta todas as sextas-feiras em frente à casa de Guterres, em Nova Iorque, e que este os recebe e "passa tempo com eles a conversar".
O ataque sem precedentes do Hamas em 07 de outubro causou cerca de 1.200 mortos, segundo Israel.
Desde então, quase 28.000 palestinianos, a grande maioria mulheres, crianças e adolescentes, foram mortos na Faixa de Gaza pelos bombardeamentos e operações militares israelitas, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.
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