Na cidade vivem 1,4 milhões de palestinianos, dos quais cerca de 1,2 milhões deslocados de outras zonas do enclave devido aos ataques lançados por Israel após os ataques realizados a 07 de outubro pelo Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), em que os islamitas mataram cerca de 1.200 pessoas e raptaram mais de duas centenas.
"Pedimos às agências da ONU para que cooperem com os esforços de Israel para proteger os civis do Hamas e retirá-los de uma zona de guerra onde os terroristas estão a tentar usá-los como 'escudos humanos'. Não digam que não pode ser feito. Trabalhem connosco para encontrar uma solução", disse o porta-voz do governo israelita, Eylon Levy, durante uma conferência de imprensa.
"É muito lamentável que, em vez de cooperar com os esforços de Israel desde que o Hamas lançou esta guerra, as agências da ONU tenham estado a transferir civis para os redutos do Hamas e a validar a estratégia dos 'escudos humanos' do Hamas", acrescentou, aludindo à retirada ordenada por Israel de outras partes do enclave para Rafah, na fronteira egípcia.
"Isto tem de acabar. É tempo de ajudarem a proteger os civis de Gaza dos terroristas do Hamas, que estão a tentar usá-los como 'escudos humanos'. "A ONU e os atores internacionais têm uma escolha a fazer: salvar o Hamas ou os civis palestinianos", sublinhou o porta-voz.
Levy realçou que a comunidade internacional "não pode impedir Israel" de desmantelar os últimos quatro redutos do Hamas em Gaza.
"A guerra pode terminar rapidamente, sem mais sofrimento, se o Hamas se render imediatamente, depor as armas, libertar os reféns e levar os seus criminosos de guerra à justiça. Todos os intervenientes dedicados à proteção dos civis e à melhoria das condições humanitárias em Gaza devem apelar ao Hamas para que se renda agora, em vez de pressionar o Hamas para que mantenha os seus quatro batalhões de pé face a uma vitória israelita iminente", argumentou.
Segundo o porta-voz, desde o início da guerra lançada pelo Hamas, Israel pôs em prática "medidas extensivas para proteger os civis em Gaza das tentativas malignas dos seus líderes de os manter na linha de fogo".
Estas medidas reduziram a taxa de mortes de civis e combatentes para cerca de um para um, o que, para Levy, não tem precedentes na história da guerra.
"No entanto, temos sido criticados por agências da ONU mais preocupadas em pressionar Israel a acabar com a guerra contra o Hamas do que em proteger os civis", afirmou.
"Resistiram aos nossos esforços para retirar os civis dos redutos do Hamas, caracterizando difamatoriamente estas medidas, em conformidade com as nossas obrigações ao abrigo do direito internacional, como deslocações forçadas. São imensamente responsáveis pela trágica perda de vidas, que poderia ter sido evitada se o mundo tivesse trabalhado connosco para enfrentar a política de 'escudos humanos' do Hamas", argumentou.
A este respeito, acusou as agências das Nações Unidas de "serem cúmplices da política de 'escudos humanos' do Hamas" e apontou para "um encobrimento da militarização do Hamas de hospitais e bens militares dentro de instalações das Nações Unidas", referindo-se à recente descoberta de um túnel sob a sede principal da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA) em Gaza.
Em resposta, o Comissário Geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, sublinhou que o pessoal da agência "abandonou a sede na cidade de Gaza em 12 de outubro, na sequência de ordens de evacuação emitidas por Israel e perante a intensificação dos bombardeamentos na zona" e apelou a uma investigação "independente", apesar de o Ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Israel Katz, ter pedido a sua demissão.
Levy sublinhou que as autoridades israelitas "continuarão a exercer pressão militar para libertar os reféns pela força, sempre que possível, e para criar as condições para a sua libertação", ao mesmo tempo que aplaudiu o resgate de dois reféns numa operação em Rafah.
Nos últimos dias, as autoridades israelitas manifestaram a sua intenção de lançar uma ofensiva terrestre contra Rafah como próximo passo das suas operações, o que foi criticado pela comunidade internacional devido à grande presença de palestinianos deslocados, que para ali se dirigiram após a primeira fase da guerra, em que Israel invadiu o norte e o centro do enclave, e após a segunda fase, quando as suas tropas penetraram em Khan Yunis, no sul.
Os ataques de Israel à Faixa de Gaza começaram em resposta ao ataque do Hamas de 07 de outubro, que fez 1.200 mortos e 240 sequestrados.
Desde então, as autoridades palestinianas registaram a morte de mais de 28.300 pessoas, para além de 384 palestinianos mortos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental pelas forças de segurança e pelos colonos israelitas.
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