"Os raptos para obtenção de resgate tornaram-se uma mercadoria lucrativa para o crime organizado na África do Sul. A Polícia Sul-Africana (SAPS) prossegue os seus esforços para identificar e deter grupos ligados a raptos, nomeadamente em que são feitos pedidos de resgate", declarou Bheki Cele.
O governante sul-africano, que apresentava à imprensa as estatísticas trimestrais do crime no país, adiantou que "mais de 300 suspeitos ligados a estes sequestros foram detidos nos últimos dois anos".
Nesse sentido, os dados do último trimestre divulgados pela polícia sul-africana indicam que pelo menos 138 sequestros foram por resgate financeiro, 23 por tráfico humano e 18 casos por extorsão.
De acordo com os dados relativos ao período de 01 de outubro a 31 de dezembro de 2023, divulgados hoje, e consultados pela Lusa, um total de 4.577 pessoas foram sequestradas na África do Sul no último trimestre de 2023, um aumento de 453 pessoas (11%) em relação ao mesmo período de 2022.
A maioria dos sequestros ocorreu na província de Gauteng, onde se situa Joanesburgo, a capital económica, e Pretória, a capital do país, que registou um aumento de 393 raptos (19,9%) em relação ao ano anterior, totalizando 2.367 sequestros. Em 2022, a polícia sul-africana reportou 1.974 sequestros nesta província, motor da economia sul-africana.
As províncias de Limpopo e de Mpumalanga, localizadas no norte da África do Sul, e que fazem fronteira com Moçambique, registaram um agravamento de 19,3% e 13,2% no número de sequestros, respetivamente, segundo as autoridades sul-africanas.
Em Limpopo, foram sequestradas 136 pessoas no último trimestre de 2023, contra 114 em 2022. Na província de Mpumalanga, a polícia reportou 291 raptos, mais 34 do que no ano anterior, refere-se nas estatísticas divulgadas hoje.
A África do Sul tem vindo a registar desde 2010/2011 um alastramento em grande escala de sequestros com origem em Moçambique, segundo o ativista anti-crime sul-africano Yusuf Abramjee.
"A tendência de sequestros na África do Sul aumentou dramaticamente nos últimos anos, mas certamente que origina, em parte, em Moçambique, onde empresários têm sido sequestrados há alguns anos e agora vemos um alastramento em grande escala para a África do Sul", referiu o ativista sul-africano em 2021 à Lusa.
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