A agência de notícias Associated Press relata hoje que a convenção "Mi Amore" foi encerrada pela organização no sábado de manhã, depois de agentes da polícia terem chegado ao local, apesar de estes não terem encontrado provas de qualquer atividade ilegal.
"A polícia recebeu uma queixa a dar conta que o novo evento promovia relações não tradicionais, símbolos relacionados com isso, conteúdos adultos para menores, e horror e escuridão no geral", partilharam os organizadores da convenção na rede social russa VK Sunday.
Ainda de acordo com a organização, "dois 'controlos policiais' não confirmaram as suspeitas".
O Supremo Tribunal russo proibiu em novembro do ano passado aquilo que o Governo apelida de "movimento" LGBTQIA+, classificando-o como organização extremista.
A decisão faz parte de uma repressão cada vez maior às pessoas da comunidade LGBTQIA+ daquele país cada vez mais conservador, onde os "valores da família tradicional" se tornaram um dos pilares dos 24 anos de Governo de Vladimir Putin.
A legislação russa proíbe exibição pública de símbolos de organizações extremistas, e pelo menos três pessoas que exibiram objetos com as cores do arco-íris foram condenadas a penas de prisão ou ao pagamento de multas desde novembro.
A convenção, que tem como logótipo o desenho de um pónei cuja crina tem as cores da bandeira da Rússia, era dirigida a jovens adultos fãs da série "Meu Pequeno Pónei", e incluía performances ao vivo bem como 'stands' de venda de objetos, roupa, entre outros, relacionados com a série.
Embora a série "Meu Pequeno Pónei" seja dirigida as crianças e se foque no poder mágico da amizade, já provocou algumas reações adversas na Rússia, com algumas pessoas a temer que esta pudesse entrar em conflito com as leis anti-LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Queer, Intersexuais, Assexuais e demais orientações sexuais e identidades de género) do país.
A base de dados 'online' russa Kinopoisk alterou a classificação da série de animação para "18+", ou seja dirigida a adultos, em dezembro do ano passado, pouco depois de um tribunal russo ter classificado o "movimento global LGBTQIA+" como uma organização extremista.
Embora a Kinopoisk não tenha justificado a alteração da classificação de "Meu Pequeno Pónei", os telespectadores especularam que tal decisão pudesse estar ligada à personagem Rainbow Dash, cujas crinas e cauda multicoloridas são semelhantes à bandeira do orgulho LGBTQIA+.
Além disso, a série divulgou em 2019 um episódio no qual aparece um casal com duas pessoas do mesmo género.
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