Centenas de soldados ucranianos podem ter sido capturados pelo avanço das unidades russas ou desapareceram durante a retirada caótica da Ucrânia da cidade oriental de Avdiivka.
De acordo com altos funcionários ocidentais e soldados que lutam pela Ucrânia, citados pelo New York Times, este é uma perda devastadora que pode desferir um golpe na moral já enfraquecida.
As estimativas de quantos ucranianos foram capturados ou desapareceram variam e uma contagem precisa pode não ser possível até que a Ucrânia solidifique novas linhas defensivas fora da cidade.
Mas dois soldados com conhecimento da retirada da Ucrânia estimaram que entre 850 e 1.000 militares parecem ter sido capturados ou estão desaparecidos. As autoridades ocidentais, ao mesmo meio, disseram que o número parecia preciso.
As autoridades norte-americanas afirmam que a perda de Avdiivka não é um revés estratégico significativo, argumentando que os ganhos russos no leste da Ucrânia não levarão necessariamente a qualquer colapso das linhas ucranianas e que é improvável que Moscovo seja capaz de prosseguir com outra grande ofensiva.
Contudo, a captura de centenas de soldados poderá mudar esse cálculo. As autoridades americanas disseram nos últimos dias que a moral já estava desgastada entre as tropas ucranianas e que os militares ucranianos têm lutado com o recrutamento.
Os oficiais militares ucranianos já disseram querer mobilizar até mais 500 mil pessoas, mas o pedido encontrou resistência política e está parado no parlamento. A captura de centenas de soldados, especialmente com experiência no campo de batalha, tornaria mais aguda a necessidade de mais tropas e complicaria o esforço de recrutamento.
Feridos deixados para trás
A problemática retirada de Avdiivka terá sido tardia e desorganizada, deixando para trás os feridos. Muitos dos soldados terão fugido fugir a pé, sob fortes bombardeamentos, disseram ao Kyiv Independent militares da 110ª Brigada Mecanizada Separada da Ucrânia, que defendia a cidade de cerca de 35 mil pessoas.
Um dos últimos soldados a abandonar o local revelou ao jornal ucraniano que os soldados feridos ficaram num bunker. A ordem tinha sido clara: "Não haverá evacuação. Deixem 300 (os feridos)".
Os soldados gravemente feridos e desarmados não puderam ser retirados devido a "bombardeamentos incessantes da aviação inimiga (russa) e ataques de artilharia, bem como ataques constantes de 'drones' a veículos e bombardeamentos contra as rotas de retirada", referiu a brigada ucraniana esta terça-feira, acusando Kyiv de ter executado pelo menos seis desses soldados.
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