Maioria dos israelitas não acredita numa "vitória total" em Gaza

A maioria dos israelitas não acredita numa "vitória total" das Forças Armadas de Israel contra o movimento islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza, indica uma sondagem hoje divulgada e citada pelas agências internacionais.

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© JAAFAR ASHTIYEH/AFP via Getty Images

Lusa
21/02/2024 15:44 ‧ 21/02/2024 por Lusa

Mundo

Israel/Palestina

Nos últimos dias, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, tem repetido a intenção de garantir uma vitória "total" ou "absoluta" contra o Hamas, num momento em que as forças israelitas permanecem envolvidas em combates em Khan Yunis, na Faixa de Gaza, e preparam-se para uma ofensiva em direção a Rafah, na zona sul do enclave e junto à fronteira com o Egito, onde se encontram mais de 1,4 milhões de palestinianos.

Segundo um estudo do Instituto Democrático de Israel (IDI), com sede em Jerusalém, apenas 38,8% dos israelitas consideram "muito" ou "moderadamente" provável esta vitória, enquanto 55,3% admitem "pouco ou muito pouco provável".

Cerca de 6,4% dos inquiridos não se pronunciaram.

"O nosso objetivo é simples: a vitória. Apenas uma vitória contra o Hamas permitirá a normalização e a integração regional", assinalou hoje o ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant.

À margem das conversações para uma trégua -- conduzidas pelo Qatar, Egito e Estados Unidos --, os países da região e ocidentais discutem um plano mais vasto para o pós-guerra em Gaza, que incluiria designadamente a criação de um Estado palestiniano independente e a normalização das relações entre Israel e a Arábia Saudita.

No entanto, a maioria das 612 pessoas inquiridas pelo IDI (55,4%) opõe-se à aceitação por Israel de um Estado palestiniano "independente e desmilitarizado", e cerca de 37% consideram que "haverá ainda mais terrorismo" no caso da formação deste Estado, segundo os dados do inquérito que decorreu entre 12 e 15 de fevereiro.

O conflito em curso entre Israel e o Hamas, que desde 2007 governa na Faixa de Gaza, foi desencadeado pelo ataque do movimento islamita em território israelita em 07 de outubro.

No ataque de 07 de outubro, cerca de 1.200 pessoas foram mortas, na sua maioria civis, mas também perto de 400 militares, segundo os últimos números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que mais de 100 permanecem na Faixa de Gaza, território controlado pelo Hamas desde 2007.

Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde então a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas mais de 29.000 pessoas -- na maioria mulheres, crianças e adolescentes -- e feridas cerca de 70.000, também maioritariamente civis. Cerca de 8.000 corpos permanecem debaixo dos escombros, segundo as autoridades locais.

As agências da ONU indicam ainda que 156 funcionários foram mortos em Gaza desde 07 de outubro.

A Comissão de Proteção dos Jornalistas, associação com sede em Nova Iorque, revelou ainda que 70 dos 99 jornalistas e trabalhadores da comunicação social mortos em 2023 foram vítimas de "ataques israelitas a Gaza".

A ofensiva israelita também tem destruído a maioria das infraestruturas de Gaza e perto de dois milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave.

A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.

Desde 07 de outubro, pelo menos 392 palestinianos também já foram mortos pelo Exército israelita e por ataques de colonos na Cisjordânia e Jerusalém Leste, territórios ocupados pelo Estado judaico. Também foram registadas 6.650 detenções e mais de 3.000 feridos.

Leia Também: EUA condicionam retirada da Palestina a condições de segurança

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