Adiada decisão de tribunal britânico sobre extradição de Assange para EUA
A decisão sobre se o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, poderá recorrer da extradição para os Estados Unidos da América (EUA) será conhecida mais tarde, determinaram hoje os juízes do Tribunal Superior de Londres após dois dias de audiências.
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Mundo Assange
Os juízes Victoria Sharp e Adam Johnson retiraram-se sem se pronunciar sobre uma decisão, deixando a leitura da sentença para uma data a determinar, o que só deverá acontecer depois do prazo de 04 de março para a entrega de documentos adicionais.
Assange, que esteve ausente da sala de audiências por motivos de saúde, é acusado pelos EUA de 18 crimes de espionagem e intrusão informática devido às revelações feitas no portal WikiLeaks, que em 2010 e 2011 expôs alegados crimes de guerra nos conflitos do Iraque e do Afeganistão.
O australiano de 53 anos é acusado pelas autoridades norte-americanas de ter publicado mais de 700 mil documentos confidenciais sobre as atividades militares e diplomáticas dos EUA.
O fundador do WikiLeaks pode ser condenado a 175 anos de prisão neste caso, situação que organizações humanitárias e ativistas consideram ser uma ameaça à liberdade de imprensa.
A advogada Clair Dobbin, que representou o Governo norte-americano neste processo, argumentou na audiência de hoje que Assange pôs vidas em risco porque publicou "indiscriminada e conscientemente os nomes de indivíduos que serviram como fontes de informação para os Estados Unidos".
"São estes factos que o distinguem (de outros meios de comunicação social) e não as suas opiniões políticas", afirmou.
A advogada alegou ainda que Julian Assange "começou o WikiLeaks, procurou recrutar indivíduos com acesso a informações classificadas" e "trabalhou com piratas informáticos [hackers]".
Detido pela polícia britânica em 2019, depois de sete anos asilado na embaixada do Equador em Londres para evitar a extradição para a Suécia por acusações de agressão sexual (investigação encerrada em 2019), Assange está encarcerado há cinco anos na prisão de alta segurança de Belmarsh, no leste de Londres.
O Governo britânico aprovou a extradição em junho de 2022, mas Julian Assange recorreu.
Se a justiça britânica recusar este recurso, a família de Assange tentará recorrer ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, mas terá apenas alguns dias para o fazer, antes de o australiano ser levado para os Estados Unidos.
Nas últimas semanas, pessoas próximas de Assange têm alertado para a deterioração do seu estado de saúde.
Além de repudiar o processo por considerar que tem motivações políticas, a defesa do australiano refere também o risco de suicídio em caso de extradição.
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