Isto marca uma mudança profunda para a defesa sueca, que passa a fazer parte de um coletivo, e um desenvolvimento geopolítico importante para a região.
Porque é que a Suécia decidiu aderir à NATO?
Após o fim das guerras napoleónicas no século XIX, a Suécia adotou oficialmente uma política de neutralidade.
Depois da Guerra Fria, esta política evoluiu para uma política de não-alinhamento militar, a fim de evitar qualquer conflito futuro.
Embora contribua para as forças internacionais de manutenção da paz, a Suécia não vive uma guerra desde o conflito com a Noruega em 1814.
Apesar da sua neutralidade, a Suécia tem sido muito ativa na diplomacia, defendendo os direitos humanos e sendo por vezes apelidada de "superpotência humanitária".
Embora permanecendo fora da NATO, aproximou-se da Aliança Atlântica ao aderir à Parceria para a Paz em 1994 e ao Conselho de Parceria Euro-Atlântica em 1997.
Durante muito tempo, a maioria dos suecos opôs-se à adesão à NATO, que era considerada um tabu pelos sociais-democratas, o principal partido da Suécia.
A invasão da Ucrânia pela Rússia marcou uma mudança dramática nos partidos e na opinião pública e, em maio de 2022, uma clara maioria no parlamento votou a favor do pedido de adesão à NATO.
Qual é a contribuição da Suécia para a NATO?
Durante muito tempo, a Suécia investiu fortemente na sua defesa para manter a sua neutralidade, antes de reduzir as suas despesas após o fim da Guerra Fria.
O seu orçamento para a defesa começou a aumentar novamente em 2014, após a anexação da península ucraniana da Crimeia pela Rússia.
Em 1990, este orçamento representava 2,6% do Produto Interno Bruto (PIB), antes de baixar para 1,2% em 2020, segundo o Governo, que garante agora que o objetivo da NATO de 2% do PIB será novamente atingido em 2024.
Combinando os seus diferentes ramos, o Exército sueco pode contar com cerca de 50.000 soldados, dos quais cerca de metade são reservistas.
No ar, conta com mais de 90 caças JAS 39 Gripen do fabricante sueco Saab e dispõe de uma frota de guerra no Mar Báltico que inclui várias corvetas e submarinos.
O primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, também afirmou em janeiro que o seu país estava pronto a contribuir com tropas para as forças da NATO na Letónia, e hoje reiterou que Estocolmo está pronto para "assumir as suas responsabilidades em termos de segurança euro-atlântica".
A adesão da Suécia - e da Finlândia - significa também que o Mar Báltico está agora rodeado de membros da Aliança, com alguns analistas a descreverem-no como um "lago da NATO".
Quais são as implicações para a defesa sueca?
A Suécia deve agora enquadrar a sua política num quadro coletivo, quando durante muito tempo trabalhou com base no princípio de que tinha de resolver qualquer problema sozinha, sublinham os especialistas.
Num contexto em que a Finlândia ou os Estados Bálticos seriam campos de batalha, a Suécia terá de se posicionar como um país de trânsito para as tropas da NATO.
A adesão também perturba a sua conceção tradicional do equilíbrio de poderes em caso de conflito potencial.
Tradicionalmente, o país via-se como um pequeno Estado e um eventual atacante seria muito maior. Mas, em termos de economia e demografia, a NATO é muito maior do que, por exemplo, a Rússia.
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