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Responsável da ONU para Direitos Humanos acusa Telavive de carnificina

O alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos classificou hoje como carnificina o que o exército israelita está a fazer em Gaza e advertiu que a anunciada ofensiva terrestre em Rafah levaria o conflito a "uma outra dimensão".

Responsável da ONU para Direitos Humanos acusa Telavive de carnificina
Notícias ao Minuto

10:51 - 29/02/24 por Lusa

Mundo Israel/Palestina

Intervindo na 55ª sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas que decorre em Genebra, Suíça, num debate sobre a situação nos territórios palestinianos ocupados, Volker Türk afirmou que "parece não haver limites nem palavras para descrever os horrores que se estão a desenrolar em Gaza", onde, desde o início de outubro passado, "mais de 100 mil pessoas foram mortas ou feridas".

"Permitam-me que repita: cerca de uma em cada 20 crianças, mulheres e homens, estão agora mortos ou feridos. Pelo menos 17 mil crianças ficaram órfãs ou foram separadas das suas famílias, e muitas mais carregarão as cicatrizes do trauma físico e emocional para toda a vida. Atualmente, o número total de pessoas mortas ultrapassa as 30 mil. E dezenas de milhares de pessoas estão desaparecidas, muitas presumivelmente enterradas sob os escombros das suas casas", descreveu.

"Isto é uma carnificina", considerou o alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos, segundo o qual os ataques "profundamente traumatizantes" cometidos pelo grupo islamita Hamas contra civis em Israel a 07 de outubro não podem justificar a "brutalidade da resposta israelita".

Para o responsável, a guerra resultou num "nível sem precedentes de assassinato e mutilação de civis em Gaza, incluindo pessoal da ONU e jornalistas, numa crise humanitária catastrófica causada pelas restrições à ajuda humanitária, na deslocação forçada de pelo menos três quartos da população, muitas vezes repetidamente, na destruição em massa de hospitais e outras infraestruturas civis, e, em muitos casos, na demolição sistemática de bairros inteiros, tornando Gaza praticamente inabitável".

Volker Türk vincou que, além dos "milhares de toneladas de munições lançadas por Israel na Faixa de Gaza", o bloqueio e o cerco impostos ao território "equivalem a punição coletiva e podem também equivaler ao uso da fome como método de guerra, ambos os quais, cometidos intencionalmente, são crimes de guerra".

Depois de, na abertura desta 55ª sessão do Conselho de Direitos Humanos, na passada segunda-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, já ter alertado que uma ofensiva israelita em grande escala sobre Rafah colocaria "o último prego no caixão" dos programas de ajuda, Türk reforçou o alarme.

"Permitam-me que seja absolutamente claro e que lance mais um sério aviso: a perspetiva de um ataque terrestre israelita a Rafah levaria o pesadelo que está a ser infligido à população de Gaza a uma nova dimensão", disse, assinalando que "mais de 1,5 milhões de pessoas estão a abrigar-se em Rafah, apesar dos bombardeamentos contínuos, e esta cidade tornou-se o centro humanitário de Gaza", pelo que uma ofensiva "assinaria uma sentença de morte para qualquer esperança de ajuda humanitária eficaz".

"Apelo a todos os Estados com influência para que façam tudo o que estiver ao seu alcance para evitar um tal desfecho", declarou, voltando também a insistir que "a guerra em Gaza tem de acabar".

"Todas as partes cometeram violações claras dos direitos humanos internacionais e das leis humanitárias, incluindo crimes de guerra e possivelmente outros crimes ao abrigo do direito internacional. Chegou a hora - aliás, já passou da hora - da paz, da investigação e da responsabilização", disse.

A guerra em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano em solo israelita, em 07 de outubro, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.

Em represália, Israel lançou uma ofensiva no território palestiniano que já causou mais de 30 mil mortos, de acordo o Hamas, que controla o território desde 2007.

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