Timofey Bugaevsky , da Associação Russos Livres, que falava durante a concentração que decorreu hoje junto à embaixada da Rússia em Lisboa em homenagem a Alexei Navalny, vincou que "fazer campanha é mais importante que votar".
"Sem a vossa campanha pessoal contra Putin, o vosso voto pessoal contra ele faz pouco sentido. E só faz sentido quando o máximo de pessoas à sua volta (duas, cinco, dez) souberem que é contra, forem votar contra Putin e a guerra e telefonarem a toda a gente", sublinhou o ativista.
Além do apelo para chamar pessoas a votarem contra o chefe de Estado russo, este ativista divulgou também a ação "Meio-dia contra Putin", que insta todas as pessoas que pretendem votar contra Vladimir Putin a votarem às 12h00 durante as eleições.
"Combina perfeitamente todas as componentes. O voto, a campanha pela ação, a presença física e a solidariedade com aqueles que estarão consigo na assembleia de voto a essa hora", destacou.
Timofey Bugaevsky frisou que a ação não pode ser impedida e está "disponível para todos e em todo o lado".
Sobre possíveis represálias, Bugaevsky questionou: "O que é que se pode fazer? Fechar as assembleias de voto às 12h00? Organizar uma contra-ação "às 10 da manhã para Putin"? Registar todos os que vieram ao meio-dia e colocá-los na lista de pessoas não fiáveis? Assim, ao meio-dia, a afluência às urnas já é elevada, há muita gente e é simplesmente impossível destacar aqueles que votam 'contra'".
A Comissão Eleitoral Central (CEC) da Rússia registou quatro candidatos: Putin; o representante do Partido comunista, Nikolay Kharitonov; o ultranacionalista Leonid Slutsky; e o representante do partido Gente Nova, Vladislav Davankov.
Embora tenha garantido publicamente que não o faria, Putin alterou a Constituição em 2020 para permitir a sua reeleição, o que poderá fazer novamente dentro de seis anos e, assim, permanecer no Kremlin até 2036.
As eleições presidenciais russas decorrem entre 15 e 17 de março.
Numa manifestação marcada para o dia das cerimónias fúnebres de Alexei Navalny, o ativista radicado em Portugal frisou que a melhor forma de honrar o legado do ativista russo é continuar a luta contra o regime do Kremlin.
Também a russa Maria Alandarenko salientou, num discurso durante a concentração, que "é difícil" aceitar a morte de Navalny, lembrando que o opositor continuará a ser um "exemplo, um guia e uma bússola interior".
"O mundo inteiro olha agora para o teu talento e para o teu legado, para as centenas de milhares de pessoas reais com quem generosamente partilhaste a tua fé, a tua indomabilidade, a tua determinação, o teu desejo de viver, a tua curiosidade e o teu amor, e para quem, gostaria muito de pensar assim, o teu sacrifício não será em vão", garantiu.
Crítico declarado do regime do Presidente russo, Vladimir Putin, e carismático defensor da luta contra a corrupção, Navalny morreu aos 47 anos em circunstâncias ainda pouco claras.
Os serviços prisionais disseram que sofreu um colapso súbito após uma caminhada na colónia penal do Ártico onde cumpria uma pena de 19 anos por extremismo e a certidão de óbito menciona causa natural.
Os seus apoiantes, a viúva Yulia Navalnaia e muitos líderes ocidentais acusam Putin de ser o responsável pela morte de Navalny.
A presidência russa negou estas acusações.
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