Após 22 meses de incerteza e negociações, a Suécia tornou-se, esta quinta-feira, o 32.º membro da aliança transatlântica NATO. A oficialização aconteceu após terem sido cumpridas todas as formalidades para a integração na organização político-militar, com a Hungria a depositar o protocolo de adesão em Washington.
Do secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg, ao Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, o mundo recebeu a notícia com entusiasmo.
Jens Stoltenberg afirmou, nas redes sociais, que a adesão "faz com que a NATO seja mais forte" e a "Suécia mais segura", agora que "tomou o seu legítimo lugar".
Já em comunicado, afirmou tratar-se de "um dia histórico" e que, "depois de 200 anos de neutralidade, a Suécia está hoje protegida ao abrigo do Artigo 5.º da NATO", que concede a cada Estado-membro apoio total dos restantes em caso de ataque por parte de outra nação.
It’s official – #Sweden is now the 32nd member of #NATO, taking its rightful place at our table. Sweden’s accession makes NATO stronger, Sweden safer, and the whole Alliance more secure. I look forward to raising their flag at NATO HQ on Monday.
— Jens Stoltenberg (@jensstoltenberg) March 7, 2024
O primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, descreveu a adesão como "uma vitória da liberdade". "A Suécia fez uma escolha livre, democrática, soberana e unida para aderir à NATO. Hoje é um dia verdadeiramente histórico", afirmou em conferência de imprensa, em Washington.
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, foi o responsável por receber o instrumento de adesão à NATO, formalizando a entrada do país, declarou que "este é um momento histórico para a Suécia".
"É histórico para a Aliança. É histórico para a relação transatlântica", afirmou.
"A nossa aliança da NATO é agora mais forte e maior do que alguma vez foi", acrescentou, frisando que "todas as coisas boas vêm para aqueles que esperam", referindo-se a um longo processo de ratificação entre os 31 membros, perante entraves levantados pela Turquia e Hungria.
BREAKING: Sweden has officially become NATO's 32nd member.
— Brian Krassenstein (@krassenstein) March 7, 2024
- Swedish Prime Minister Ulf Kristersson has just formally handed over accession documents to US Secretary of State Antony Blinken.
- Congrats to NATO's newest member after a 2-year wait.
This is good for America, bad… pic.twitter.com/UM25iy6fiW
Por sua vez, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que o seu homólogo russo, Vladimir Putin, "quis dividir" a NATO, mas a aliança militar está "mais unida e determinada" do que nunca.
"Quando Putin lançou a sua guerra brutal de agressão contra o povo da Ucrânia, ele pensou que poderia enfraquecer a Europa e dividir a NATO. Em vez disso, em maio de 2022, a Suécia e a Finlândia - dois dos nossos parceiros próximos, com duas forças armadas altamente capazes - tomaram a decisão histórica de solicitar a adesão plena à NATO", salientou.
No panorama europeu, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, considerou também que a adesão "vai fortalecer a segurança comum de toda a Europa".
"Uma Europa mais soberana, em particular na defesa, é vital para fortalecer a Organização do Tratado do Atlântico Norte. Por isso, estou satisfeita com a adesão da Suécia à NATO", escreveu na rede social X.
A more sovereign Europe, in particular on defence, is vital to strengthening NATO.
— Ursula von der Leyen (@vonderleyen) March 7, 2024
So I am pleased that Sweden is becoming a NATO member.
And I congratulate Sweden under the leadership of @SwedishPM Kristersson on this historic step for this country and our common security. pic.twitter.com/CtsVVaImL7
Já o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, considerou que a Suécia fica "mais bem protegida contra o mal russo". "É importante notar hoje que um novo estado europeu ficou mais protegido contra o mal russo", declarou Zelensky, reagindo à adesão do país escandinavo à Aliança Atlântica.
Desde a invasão russa em fevereiro de 2022, "todos entendem como é importante manter alianças e parcerias", acrescentou.
Portugal celebra "nova era" com um "sólido reforço" da Aliança
Dando voz por Portugal, o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, deu as boas-vindas ao país, afirmando que se trata de "uma nova era de colaboração e segurança para a Suécia e para os seus aliados".
"Bem-vinda, Suécia, o 32.º membro da NATO. Inicia-se agora uma nova era de colaboração e segurança para a Suécia e para os seus aliados", escreveu na rede social X, numa mensagem em português, sueco e inglês.
Välkommen Sverige🇸🇪!
— João Cravinho (@JoaoCravinho) March 7, 2024
Bem-vinda 🇸🇪, o 32º membro da NATO.
Welcome 🇸🇪, the 32nd member of NATO.
Inicia-se agora uma nova de colaboração e segurança para a 🇸🇪 e para os seus Aliados. This is the start of a new era of collaboration and security for 🇸🇪 & its Allies. @TobiasBillstrom
Já o Presidente da República felicitou o rei Carlos XVI Gustavo da Suécia e referiu que a adesão é "um sólido reforço de uma estrutura que tem sido fundamental em matéria de segurança e defesa coletiva e de manutenção da paz".
"Portugal, que apoiou sem reservas, de forma convicta e decidida a adesão da Suécia à NATO, congratula-se por este histórico alargamento, na firme certeza de que a integração do seu mais recente membro contribuirá para reforçar o pilar europeu de defesa no seio da Aliança Atlântica", declarou.
Também a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, se pronunciou, considerando natural que a NATO seja robustecida, uma vez que "o mundo vive uma situação geopolítica muito complexa".
"Há um projeto comum da NATO que garante a segurança dos seus aderentes e nesse sentido, além de respeitarmos aquilo que é a soberania de cada país e de louvarmos que esse passo tenha sido dado, não nos podemos esquecer que o mundo vive neste momento uma situação geopolítica muito complexa com a ameaça permanente da Rússia, mas também da ascensão da própria China, entre outras dimensões", salientou Inês Sousa Real.
Sublinhe-se que a adesão da Suécia na NATO foi oficializada esta quinta-feira após a Hungria ter depositado formalmente o protocolo de adesão em Washington.
A decisão do país em aderir à aliança transatlântica foi desencadeada pela invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022, e demorou 22 meses até ser conseguida devido a vários entraves da Hungria.
A ratificação pelo parlamento húngaro, onde o Fidesz do primeiro-ministro, Viktor Orbán, tem uma maioria de dois terços, foi adiada várias vezes, tendo os deputados deste partido justificado o atraso, por exemplo, com as críticas "injustas" da Suécia sobre a política e a deriva democrática na Hungria, também denunciada pela União Europeia.
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