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Biden exige que Israel não use ajuda humanitária como "moeda de troca"

O Presidente norte-americano exigiu a Israel, no discurso do Estado da União, que não use a ajuda humanitária a Gaza como "moeda de troca" e permita a entrada de alimentos e medicamentos no enclave.

Biden exige que Israel não use ajuda humanitária como "moeda de troca"
Notícias ao Minuto

07:04 - 08/03/24 por Lusa

Mundo Israel

"Aos líderes de Israel digo isto: a assistência humanitária não pode ser uma consideração secundária ou uma moeda de troca. Proteger e salvar vidas inocentes tem de ser uma prioridade", instou Joe Biden na noite de quinta-feira, durante o discurso anual sobre o Estado da União perante o Congresso norte-americano.

Joe Biden garantiu estar a trabalhar "sem descanso" para um cessar-fogo imediato e temporário em Gaza, que permita a libertação dos reféns do grupo islamita palestiniano Hamas e a entrada de ajuda humanitária no enclave.

Como parte desses esforços, o chefe de Estado anunciou que os militares norte-americanos começarão a estabelecer um porto na costa da Faixa de Gaza, para receber grandes remessas de alimentos e materiais médicos extremamente necessários.

"Esta noite, ordeno ao Exército dos Estados Unidos que lidere uma missão de emergência para estabelecer um cais temporário no Mediterrâneo, ao largo da costa de Gaza, que possa receber grandes navios que transportam alimentos, água e medicamentos", anunciou.

O Presidente disse que esta operação não vai exigir o envio de soldados norte-americanos para o terreno.

"E Israel também deve fazer a sua parte. Israel deve permitir mais ajuda a Gaza e garantir que os trabalhadores humanitários não sejam apanhados no fogo cruzado", pediu Biden. 

A única solução real para o conflito, acrescentou o Democrata, é uma solução de dois Estados.

As declarações de Biden foram precedidas por um grande protesto pró-palestiniano que bloqueou a principal avenida que leva ao Congresso norte-americano, em Washington, para exigir o fim da operação israelita na Faixa de Gaza.

Além disso, enquanto Biden discursava, membros do Congresso seguravam cartazes pedindo um cessar-fogo no conflito entre Israel e o Hamas.

Enérgico e a desviar-se várias vezes do guião, Joe Biden proferiu um discurso do Estado da União - o terceiro do mandato - inflamado, tocando em pontos críticos do Governo, como a polémica questão da imigração.

Ao pedir ao Congresso que aprove um projeto de lei sobre o controlo de fronteiras, o líder assegurou que "não vai demonizar os imigrantes dizendo que eles estão a 'envenenar o sangue'" do país, numa referência às recentes declarações do ex-presidente Donald Trump, a quem acusou de desencorajar o Congresso a avançar num acordo de imigração durante a campanha presidencial.

Um dos momentos mais tensos da noite foi quando o Presidente foi interrompido pela congressista de extrema-direita Marjorie Taylor Greene, que o questionou sobre o homicídio de uma jovem na Geórgia, alegadamente às mãos de um imigrante venezuelano.

"Laken Riley era uma jovem inocente que foi assassinada por um ilegal. É verdade", concordou Biden, questionando quantos milhares de pessoas foram assassinadas por ilegais. Mais tarde, o Presidente foi criticado por alguns democratas pelo uso da palavra "ilegal" para se referir a pessoas que entram no país sem documentos, um termo amplamente rejeitado por organizações internacionais e de direitos humanos.

Com a imigração a tornar-se uma questão incontornável nas presidenciais, os Republicanos estão a usar todas as ferramentas possíveis para condenar a forma como Biden tem administrado a fronteira.

Ao longo do discurso, que se prolongou por pouco mais de uma hora, Biden enalteceu as realizações alcançadas no cargo presidencial, antecipou parte da agenda para um eventual segundo mandato, procurou acalmar as preocupações em torno da idade (81 anos) e forma física e fez um contraste com os Republicanos, tecendo duras criticas a Donald Trump, a quem deverá enfrentar nas eleições presidenciais em novembro e a quem se referiu sempre como "antecessor".

Leia Também: Hamas deixa negociações no Egito mas deve regressar na próxima semana

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