"Estamos prontos para acolher uma cimeira de paz na qual a Rússia participará", declarou o chefe de Estado, em conferência de imprensa ao lado do Presidente ucraniano.
Erdogan reiterou o seu "apoio à soberania e integridade territorial do aliado estratégico, a Ucrânia".
"Ao mesmo tempo que mantemos a nossa solidariedade com a Ucrânia, continuaremos a trabalhar para acabar com a guerra e a favor de uma paz justa e negociada", afirmou.
Relativamente a um novo mecanismo para garantir a segurança do transporte comercial no Mar Negro, o chefe de Estado turco confirmou a sua "intenção de chegar a um acordo entre as partes", reafirmando a disponibilidade de Ancara para manter-se no entendimento denunciado pela Rússia no ano passado.
"Temos a mesma posição em relação à segurança alimentar, às trocas de prisioneiros e às garantias de navegação: devemos garanti-las", acrescentou. "Não perdemos a esperança!".
Desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022, Erdogan ofereceu-se várias vezes como mediador, a fim de encontrar uma solução pacífica para o conflito.
A Turquia, membro da NATO, tem procurado manter boas relações com Moscovo e Kiev desde a invasão em grande escala da Rússia da Ucrânia, há dois anos.
Nas primeiras semanas da guerra, a Turquia acolheu conversações de paz entre Moscovo e Kiev, que falharam, mas Ancara manteve sempre viva a possibilidade de voltar a juntar os dois lados à mesa das negociações.
"As duas partes atingiram o limite do que podem obter através da guerra", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, no início de março, defendendo o estabelecimento de "um diálogo com vista a um cessar-fogo".
A posição estratégica da Turquia no Mar Negro e o seu controlo do Estreito de Bósforo conferem-lhe um papel militar, político e económico único no conflito.
Em julho de 2022, Ancara participou com a ONU na negociação de um acordo entre Moscovo e Kiev sobre a exportação de cereais ucranianos através do Mar Negro, do qual a Rússia acabou por se retirar um ano depois.
Desde então, Kiev lançou outra rota de exportação que percorre a costa e evita águas internacionais disputadas.
A Turquia, por outro lado, irritou Moscovo no ano passado ao permitir que comandantes do regimento ultranacionalista Azov, uma "besta negra" para Moscovo, regressassem à Ucrânia, apesar de um acordo que previa a sua permanência em solo turco até ao fim das hostilidades.
Durante sua visita de hoje, Zelensky deslocou-se aos estaleiros em Istambul onde estão a ser construídas duas corvetas para a marinha ucraniana.
Seguiu-se o encontro com Erdogan, uma semana depois da visita à Turquia do ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, que conversou com o seu homólogo turco, num fórum diplomático em Antalya.
O Presidente russo, Vladimir Putin, também deverá visitar a Turquia em data ainda não definida.
Os laços entre a Turquia e a Rússia suscitaram tensões no Ocidente, que acusam Ancara de facilitar a evasão das sanções por parte de Moscovo, exportando certos produtos para a Rússia.
Os Estados Unidos sancionaram várias empresas turcas por ajudarem Moscovo a comprar bens que poderiam ser utilizados pelas suas forças armadas.
Apesar das dificuldades no terreno, a Ucrânia tem recusado negociações com a Rússia, alegando falta de credibilidade dos interlocutores de Moscovo e insistindo que jamais fará concessões territoriais.
[Notícia atualizada às 20h43]
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