Turquia oferece-se para acolher cimeira de paz entre Kyiv e Moscovo

A Turquia ofereceu-se para acolher uma cimeira de paz entre Rússia e Ucrânia, disse hoje o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, após ter recebido em Istambul o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky.

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© Alexis Mitas/Getty Images

Lusa
08/03/2024 20:18 ‧ 08/03/2024 por Lusa

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Turquia

"Estamos prontos para acolher uma cimeira de paz na qual a Rússia participará", declarou o chefe de Estado, em conferência de imprensa ao lado do Presidente ucraniano.

Erdogan reiterou o seu "apoio à soberania e integridade territorial do aliado estratégico, a Ucrânia".

"Ao mesmo tempo que mantemos a nossa solidariedade com a Ucrânia, continuaremos a trabalhar para acabar com a guerra e a favor de uma paz justa e negociada", afirmou.

Relativamente a um novo mecanismo para garantir a segurança do transporte comercial no Mar Negro, o chefe de Estado turco confirmou a sua "intenção de chegar a um acordo entre as partes", reafirmando a disponibilidade de Ancara para manter-se no entendimento denunciado pela Rússia no ano passado.

"Temos a mesma posição em relação à segurança alimentar, às trocas de prisioneiros e às garantias de navegação: devemos garanti-las", acrescentou. "Não perdemos a esperança!".

Desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022, Erdogan ofereceu-se várias vezes como mediador, a fim de encontrar uma solução pacífica para o conflito.

A Turquia, membro da NATO, tem procurado manter boas relações com Moscovo e Kiev desde a invasão em grande escala da Rússia da Ucrânia, há dois anos.

Nas primeiras semanas da guerra, a Turquia acolheu conversações de paz entre Moscovo e Kiev, que falharam, mas Ancara manteve sempre viva a possibilidade de voltar a juntar os dois lados à mesa das negociações.

"As duas partes atingiram o limite do que podem obter através da guerra", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, no início de março, defendendo o estabelecimento de "um diálogo com vista a um cessar-fogo".

A posição estratégica da Turquia no Mar Negro e o seu controlo do Estreito de Bósforo conferem-lhe um papel militar, político e económico único no conflito.

Em julho de 2022, Ancara participou com a ONU na negociação de um acordo entre Moscovo e Kiev sobre a exportação de cereais ucranianos através do Mar Negro, do qual a Rússia acabou por se retirar um ano depois.

Desde então, Kiev lançou outra rota de exportação que percorre a costa e evita águas internacionais disputadas.

A Turquia, por outro lado, irritou Moscovo no ano passado ao permitir que comandantes do regimento ultranacionalista Azov, uma "besta negra" para Moscovo, regressassem à Ucrânia, apesar de um acordo que previa a sua permanência em solo turco até ao fim das hostilidades.

Durante sua visita de hoje, Zelensky deslocou-se aos estaleiros em Istambul onde estão a ser construídas duas corvetas para a marinha ucraniana.

Seguiu-se o encontro com Erdogan, uma semana depois da visita à Turquia do ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, que conversou com o seu homólogo turco, num fórum diplomático em Antalya.

O Presidente russo, Vladimir Putin, também deverá visitar a Turquia em data ainda não definida.

Os laços entre a Turquia e a Rússia suscitaram tensões no Ocidente, que acusam Ancara de facilitar a evasão das sanções por parte de Moscovo, exportando certos produtos para a Rússia.

Os Estados Unidos sancionaram várias empresas turcas por ajudarem Moscovo a comprar bens que poderiam ser utilizados pelas suas forças armadas.

Apesar das dificuldades no terreno, a Ucrânia tem recusado negociações com a Rússia, alegando falta de credibilidade dos interlocutores de Moscovo e insistindo que jamais fará concessões territoriais.

[Notícia atualizada às 20h43]

Leia Também: Erdogan diz que municipais de março serão as suas "últimas" eleições

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