Um dos passageiros que estava a bordo do voo da Latam Airlines - que fazia a ligação entre Sydney, Austrália, e Auckland, Nova Zelândia, e no qual 50 pessoas ficaram feridas, depois de um movimento anómalo do avião, na sequência de uma falha técnica, - recordou o evento traumático, referindo que acreditava que a aeronave ia cair.

Em declarações ao site G1, o brasileiro Henrique Cidreira, de 36 anos, lembrou que o Boeing 787 começou a perder altitude e que, nesse momento, saltou do assento, onde se encontrava sem cinto, e caiu no corredor entre os assentos.

"Num piscar de olhos caí duas cadeiras para trás", disse, referindo que a aeronave estava em voo de cruzeiro, ou seja, altura em que o aviso de cintos costuma estar apagado.

O homem, que vive na Austrália, disse ter acreditado que o avião ia cair. "A queda foi repentina. De repente, as pessoas que estavam sem cinto foram lançadas para o ar, bateram no teto e, então, caíram. Muitas bateram a cabeça, se cortaram, havia gente sangrando, muito olho roxo, uma moça trincou duas costelas", disse o brasileiro, que é designer. 

Todo o incidente, disse, foi, na verdade, muito rápido. "Não durou nem cinco segundos. Foi algo muito repentino, demorou segundos, e então o avião estabilizou. Nesse momento, parecia que o avião estava desligado, porque ficou um silêncio, mas o voo continuou", recordou.

No entanto, todos os passageiros estavam em pânico.
 
"Eu estava no chão, preso entre as cadeiras no corredor, com as pernas para cima. Meu companheiro estava no banco, ele me ajudou e eu voltei para o meu assento. Foi um pânico. Até agora não temos noção do que aconteceu", disse, referindo que a experiência foi traumática e que, após o sucedido, o piloto não deu qualquer explicação sobre o que tinha acontecido. 

A maior parte das pessoas voltou aos seus lugares e apertaram os cintos, enquanto a tripulação tentava ajudar como conseguia. No entanto, eram muitos feridos.

"As aeromoças [assistentes de bordo] pediam para que as pessoas que tinham cinto de roupa, a peça emprestada para fazer tala no braço de uma pessoa, pediam medicação para dor para dar para quem estava ferido. Era gente demais ferida. Elas fizeram o melhor que puderam, mas não conseguiam ajudar todo mundo. As crianças choravam, gritavam”, lembrou. 

A situação só acabou por acalmar quando o avião aterrou. "As pessoas bateram palmas porque estávamos no chão", completou.

Os feridos, um com prognóstico grave e os outros com ferimentos moderados e ligeiros, foram tratados após a aterragem no aeroporto da cidade neozelandesa de Auckland.

"O voo LA800, que fazia a ligação entre Sydney [Austrália] e Auckland, teve um problema técnico durante o voo que causou um forte movimento (...). Como resultado do incidente, alguns passageiros e tripulantes de cabine foram afetados", indicou a companhia Latam em comunicado.

Embora a companhia aérea não tenha fornecido detalhes sobre a falha técnica, vários passageiros relataram uma "pequena queda rápida".

O Serviço de Emergência Hato Hone St. John da Nova Zelândia disse à agência espanhola EFE em comunicado que o seu pessoal avaliou e tratou um total de 50 pessoas, das quais uma se encontra em estado "grave" e as restantes em estado "moderado" ou "ligeiro".

Do total de feridos, 13 pacientes foram levados para um hospital de Auckland, acrescentou o porta-voz do Serviço de Emergência Hato Hone St. John.

O voo LA800 fazia a rota entre Sydney e Santiago, no Chile, com uma escala em Auckland. Levava 263 passageiros e nove tripulantes.

Nas redes sociais, começou a circular um vídeo, que mostra vários passageiros já sentados, enquanto outros são assistidos. Pode vê-lo na galeria acima.

Leia Também: Pelo menos 50 feridos na Nova Zelândia em voo da Latam Airlines