Quénia adia envio de polícias para liderar missão internacional no Haiti

O Quénia anunciou hoje que vai adiar o envio de polícias para o Haiti, para a missão internacional anunciada para enfrentar a crise de segurança naquele país caribenho, na sequência da demissão do primeiro-ministro haitiano, Ariel Henry.

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© Guerinault Louis/Anadolu via Getty Images

Lusa
12/03/2024 18:59 ‧ 12/03/2024 por Lusa

Mundo

Haiti

"Houve uma mudança fundamental nas circunstâncias em resultado da demissão do primeiro-ministro", disse à imprensa o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros do Quénia Korir Sing'oei.

"Sem uma administração política no Haiti, não há nenhuma âncora sobre a qual se possa apoiar o destacamento da polícia, pelo que o Governo [queniano] aguardará o estabelecimento de uma nova autoridade constitucional no Haiti antes de tomar quaisquer outras decisões sobre o assunto", acrescentou.

Sing'oei sublinhou, no entanto, que "o Quénia reitera o seu compromisso de liderar a MSS [Missão Multinacional de Apoio à Segurança]" no Haiti.

O vice-ministro fez o anúncio depois de Ariel Henry ter concordado hoje em demitir-se na sequência da criação de um conselho presidencial de transição e da nomeação de um primeiro-ministro interino.

"O Governo que lidero aceita a instalação de um conselho presidencial de transição. Os membros do conselho serão escolhidos após um acordo entre os diferentes setores da vida nacional", declarou o líder haitiano numa mensagem à nação.

A sua demissão foi exigida por um dos líderes dos bandos armados que tomaram o controlo de partes do Haiti, incluindo a capital, Port-au-Prince, para pôr fim a uma onda de violência que, até à data, já desalojou mais de 15 mil haitianos das suas casas.

A violência na capital aumentou significativamente desde que se soube, no final de fevereiro, que Henry se tinha comprometido a realizar eleições antes do final de agosto de 2025, uma data muito distante da data prevista para o termo do seu mandato, em 07 de fevereiro.

Sem eleições desde 2016, o Haiti não tem atualmente nem um parlamento nem um Presidente, tendo o último chefe de Estado, Jovenel Moïse, sido assassinado em 2021.

A vaga de violência causada por bandos armados aumentou quando a 28 de fevereiro se soube que Henry, que devia ter deixado o poder em 07 de fevereiro, nos termos de um acordo de 2022, se tinha comprometido a realizar eleições no Haiti apenas em 2025.

A decisão das autoridades quenianas surge também numa altura em que a pressão internacional sobre o país para ativar o destacamento é cada vez maior, como ficou patente na conversa telefónica do passado fim de semana entre o Presidente queniano, William Ruto, e o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken.

De acordo com um comunicado do Departamento de Estado, Ruto e Blinken "sublinharam o compromisso inabalável com o envio de uma missão multinacional de apoio à segurança para apoiar a polícia nacional haitiana na criação das condições de segurança necessárias para a realização de eleições livres e justas".

Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, também reafirmou "a necessidade de uma ação urgente, incluindo o financiamento da Missão Multinacional de Apoio à Segurança".

Leia Também: Haiti. Guterres pede responsabilidade para concretizar acordo transitório

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