O presidente autonómico, do partido independentista Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), justificou a decisão por o parlamento catalão ter hoje chumbado o orçamento regional para 2024.
"Assumo a responsabilidade por este bloqueio", afirmou Pere Aragonès, cujo partido, a ERC, tem apenas, atualmente, 33 dos 135 deputados regionais.
O orçamento da Catalunha de 2024 foi rejeitado hoje por 68 deputados, apenas mais um do que os 67 que votaram a favor (os da ERC, do Partido Socialista e uma independente).
As eleições catalãs serão assim antecipadas um ano, já que a atual legislatura terminaria em maio de 2025.
A ERC foi o segundo partido mais votado nas últimas eleições e elegeu o mesmo número de deputados dos socialistas, que foram os vencedores.
Pere Aragonès assumiu a liderança do governo regional na sequência de uma coligação pós-eleitoal da ERC com os também independentistas Juntos pela Catalunha (JxCat), o partido de direita do antigo presidente autonómico Carles Puigdemont.
Os dois partidos independentistas assumiram a rutura em outubro de 2022 e o JxCat deixou o executivo regional nessa altura, tendo a ERC governado sozinha desde então.
ERC e JxCat são dois partidos independentistas, mas a Esquerda Republicana da Catalunha é mais moderada e defende que o caminho para a independência deve ser o do diálogo com o Governo central de Espanha, com quem deve ser negociada a realização de um novo referendo.
Foi precisamente esta questão que levou à rutura entre os dois partidos em outubro de 2022 e ao fim da coligação de governo.
Pere Aragonès reivindicou hoje aquilo que considerou serem as conquistas dos últimos anos com base no diálogo e na negociação com o Governo espanhol do socialista Pedro Sánchez.
"Onde havia repressão era imprescindível abrir caminhos de liberdade através da negociação e através do diálogo para libertar os presos políticos, e assim foi. E também para conseguir a amnistia, como assim será, como prólogo para a Catalunha decidir o seu futuro", afirmou, numa declaração em Barcelona, na sede do governo regional (conhecido como Generalitat).
Pere Aragonès referia-se aos indultos concedidos a separatistas catalães que estavam presos por causa do referendo ilegal e da declaração unilateral de independência da Catalunha em 2017, assim como à lei de amnistia que vai ser votada na quinta-feira pelo parlamento de Espanha.
A ERC tem viabilizado, no parlamento espanhol, os governos de Pedro Sánchez, enquanto os socialistas apoiaram o executivo de Aragonès na assembleia catalã.
Aragonès lamentou hoje o chumbo do "orçamento com mais recursos da história" do governo autonómico catalão, o que atribuiu à "irresponsabilidade daqueles que põem os interesses partidários à frente do país [a Catalunha]".
O dirigente da ERC disse que convocou as eleições "com o objetivo de dotar a Catalunha de um governo com muito mais força" e pediu para ser eleita "uma maioria sólida".
As eleições catalãs vão coincidir com a reta final da aprovação da lei de amnistia pelo parlamento espanhol, cuja data de entrada em vigor poderá determinar a possibilidade de serem candidatas pessoas como Puigdemont, que vive na Bélgica desde 2017 para fugir à justiça espanhola.
O JxCat já disse hoje que mesmo que a lei não esteja ainda em vigor no dia das eleições, já deverá estar em aplicação na data da tomada de posse do novo governo regional, permitindo assim a eleição de Puigdemont.
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