Durante a apresentação do relatório de despesas em Defesa relativo a 2023, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, disse que as eleições na Rússia, marcadas para esta semana, não serão "livres" nem "justas".
"Podemos dizer antes das eleições que não serão livres nem justas, porque para ter eleições livres e justas é preciso competição, listas diferentes, uma discussão aberta e uma imprensa livre e independente. Não existe imprensa livre e independente na Rússia", disse Stoltenberg aos jornalistas.
Na mesma apresentação, o líder da Aliança Atlântica argumentou que "o presidente [Vladimir] Putin detém o poder na Rússia há décadas e ninguém espera que as eleições russas desta semana tragam qualquer mudança no Kremlin".
"Claro, as tentativas russas de organizar qualquer parte de uma eleição nas regiões ocupadas da Ucrânia são completamente ilegais, violando o direito internacional", vaticinou ainda, lamentando que "os cidadãos russos não podem contar com a liberdade e a justiça porque os políticos da oposição estão mortos, na prisão ou no exílio e a imprensa não é livre".
Recentemente, a Rússia tem ameaçado com a aproximação de tropas para a fronteira do país com a Finlândia, que recentemente se tornou membro da NATO, ficando abrangida pela proteção ampla da Aliança, em que, caso um aliado da mesma seja atacado, todos os outros aliados devem assumir posições perante essa agressão.
Stoltenberg desdramatizou as ameaças, no entanto, assegurando que "a Finlândia está mais segura agora" do que antes de fazer parte da Aliança.
"Quase todas as forças militares russas estão envolvidas na agressão de guerra contra a Ucrânia, por isso não vemos qualquer agressão iminente a qualquer aliado da NATO. Mas iremos monitorizar e acompanhar de perto o que a Rússia faz ao longo das fronteiras da NATO. A Aliança tem sido capaz de proteger os seus aliados durante 75 anos e continuará a fazê-lo, inclusive tendo a Finlândia como aliada", concluiu o secretário-geral.
As eleições russas desta semana deverão resultar na manutenção de Putin no poder até 2030, ano em que completará 77 anos de idade, com a possibilidade de um mandato adicional até 2036, graças a uma alteração constitucional feita em 2020.
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