De acordo com o jornal South China Morning Post, o embaixador norte-americano na China afirmou que a rivalidade vai "aprofundar-se" e abranger também o domínio da defesa e da segurança.
Burns afirmou que os Estados Unidos têm sido uma potência no Pacífico "desde há muito tempo", especialmente após a Segunda Guerra Mundial, embora tenha reconhecido que existe atualmente "uma competição contínua pelo poder militar e pela influência" na região.
Pequim anunciou recentemente que vai aumentar este ano o seu orçamento para a Defesa em 7,2%, o segundo maior do mundo depois dos Estados Unidos.
No que diz respeito à tecnologia, Burns reconheceu que o setor está "no centro da batalha" entre as duas maiores economias do mundo, e especificou que a rivalidade vai "da inteligência artificial às ciências quânticas e à biotecnologia", uma vez que estas indústrias "vão moldar a economia global", embora "também conduzam a novas tecnologias militares que vão definir os equilíbrios de poder".
O diplomata elogiou a administração do Presidente dos EUA, Joe Biden, por ter "atuado com grande sentido de responsabilidade" ao restringir o acesso da China aos semicondutores norte-americanos e a outras tecnologias avançadas.
O último conflito entre os dois países ocorreu na quinta-feira, devido a um projeto de lei que visa proibir a utilização da rede social TikTok nos EUA, alegando que a plataforma representa uma ameaça para a segurança nacional dos EUA, devido à possibilidade de o Governo chinês ter acesso aos dados dos utilizadores.
Wang Yi, ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, afirmou há uma semana que as relações entre a China e os EUA "melhoraram", mas apelou a Washington para que abandone aquilo que considera serem "táticas para conter a China".
De acordo com Burns, a China utiliza "políticas semelhantes" que "restringem a exportação de determinadas tecnologias para proteger os seus interesses de segurança nacional".
A reunião de novembro passado entre Biden e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, conduziu a alguma estabilização nas relações.
"Não resolveu muitas das diferenças em questões importantes, mas confirmou um entendimento por parte de ambos os países de que estamos em competição, e é por isso que é muito importante mantermos uma comunicação constante", afirmou.
De acordo com Burns, as relações continuarão a ser "altamente competitivas" e "é muito provável que sejamos rivais sistémicos durante a próxima década".
"Mas é por isso que é tão importante gerirmos as nossas diferenças de forma responsável", afirmou.
Durante o seminário, Burns rejeitou a ideia de que a China está em ascensão e os EUA em declínio: "Não concordamos com aqueles que acreditam nisso. Não é assim que vemos a nossa posição no Indo-Pacífico. Estamos a fortalecer-nos a nível estratégico, militar e económico", afirmou.
Sobre as recentes tensões no Mar do Sul da China, Burns afirmou que Washington está "muito preocupado com a pressão e a coerção da China sobre as Filipinas" e sublinhou que as reivindicações de Pequim "não têm qualquer base no Direito internacional".
"Queremos que a paz prevaleça e que a China cesse e desista das suas ações provocatórias. Temos esperança de que os próximos meses sejam mais calmos, mas temos sido muito claros quanto ao nosso apoio às Filipinas", sublinhou.
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