"Existe uma grande pressão para que o Conselho Europeu chegue a conclusões sobre o Médio Oriente", indicou um alto funcionário europeu, numa altura em que várias organizações humanitárias internacionais têm vindo a alertar para o risco iminente de fome na Faixa de Gaza, na sequência dos bombardeamentos das forças israelitas e dos impedimentos por parte de Israel para a passagem de ajuda humanitária para o enclave palestiniano controlado pelo Hamas desde 2007.
Falando na antevisão da cimeira europeia que hoje arranca, e que decorre até sexta-feira em Bruxelas, a mesma fonte assinalou haver agora "mais pontos em comum" entre os 27 países da UE, em função do que "tragicamente acontece pelo sofrimento humano", apesar de ainda persistirem diferentes posições sobre o conflito.
O Conselho Europeu arranca pelas 13:00 de Bruxelas (menos uma hora em Lisboa) com uma reunião informal entre os líderes da UE e o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, ocasião na qual o responsável irá relatar aos chefes de Governo e de Estado da UE os esforços da ONU para tentar prestar ajuda humanitária ao território palestiniano de Gaza.
Os líderes da UE vão tentar acordar conclusões comuns, com um rascunho do texto a que a Lusa teve acesso a indicar que o Conselho Europeu vai pedir "uma pausa humanitária imediata que conduza a um cessar-fogo duradouro", bem como "acesso humanitário pleno, rápido, seguro e sem entraves à Faixa de Gaza e a todo o seu território, por todas as vias".
Afirmando-se "chocado com a perda sem precedentes de vidas civis e com a situação humanitária crítica", o Conselho Europeu vai ainda defender "medidas imediatas para evitar novas deslocações da população e proporcionar-lhe abrigo seguro, a fim de garantir a proteção permanente dos civis".
Estas conclusões ainda terão de ser aprovadas, mas várias fontes ouvidas pela Lusa relataram existir um amplo apoio ao texto.
As conclusões mais recentes do Conselho Europeu sobre o Médio Oriente foram adotadas em novembro passado, dadas as impossibilidades de consenso nos últimos meses.
Mais consensual é a posição da UE sobre a invasão russa da Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022, relativamente à qual os 27 chefes de Governo e de Estado debaterão a assistência militar e financeira a Kiev, bem como a utilização dos lucros de ativos russos congelados para financiar a recuperação do país, na sequência de uma proposta da Comissão Europeia divulgada na quarta-feira.
Será ainda debatido o alargamento da UE, esperando-se que os líderes deem aval à abertura de negociações formais de adesão com a Bósnia-Herzegovina, segundo o rascunho das conclusões.
Contudo, de acordo com fontes europeias, esta 'luz verde' não está garantida, já que alguns países exigem que, para isso acontecer, devem ser estipulados progressos para as negociações formais de adesão com a Ucrânia e Moldova.
Na sexta-feira, o Conselho Europeu deverá ser dedicado aos assuntos económicos, com uma cerimónia para assinalar o 30.º aniversário do Espaço Económico Europeu e uma cimeira da moeda única, com a presença da presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde.
Esta poderá ser a última cimeira em que Portugal é representado pelo primeiro-ministro António Costa, estando prevista a transmissão de um vídeo de despedida e a entrega ao político português de uma estatueta alusiva ao edifício-sede do Conselho Europeu.
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