A presidente da Comissão Eleitoral Central (CEC), Ella Pamfilova, confirmou hoje oficialmente os resultados finais da votação em território russo, que decorreu de 15 a 17 deste mês, na qual Putin obteve mais de 76,2 milhões de votos (87,28%). Fora da Rússia, o apoio a Putin caiu cerca de 15 pontos percentuais, situando-se nos 72,54%.
"Obrigado a todos pela confiança. Farei tudo o que me for possível para a justificar", disse o Presidente russo num breve discurso ao país, em que defendeu que o nível de apoio "aumenta a responsabilidade para com a Rússia".
"Exige um compromisso e uma eficácia ainda maiores da minha parte e da parte de toda a nossa equipa", acrescentou, segundo uma nota divulgada pelo Kremlin (presidência russa).
O Presidente russo disse estar aberto à adoção de "propostas construtivas" dos seus adversários políticos, embora as eleições tenham ocorrido sem rivais que realmente fizeram frente a Putin ou às suas políticas mais controversas, como a agressão ainda em curso na vizinha Ucrânia.
De facto, o segundo candidato presidencial mais votado, Nikolai Jaritonov, do Partido Comunista da Federação Russa (KPRF), obteve apenas 4,3% dos votos, seguido pelo vice-presidente da Duma (câmara baixa do parlamento russo) e representante do Novo Partido Popular, Vladislav Davankov, com 3,85%. Este último, porém, obteve 16,44% dos votos entre os russos residentes no estrangeiro.
Nestas eleições, Putin foi reeleito para um quinto mandato presidencial até 2030.
A presidente da CEC destacou também que a participação no escrutínio foi de 77,49%, com mais de 87,5 milhões de pessoas a comparecerem às urnas durante os três dias que durou a votação.
Esta taxa de participação supera o máximo histórico registado até à data, fixado em 74,66% nas eleições de 1991.
"Nunca na história moderna da Rússia houve números como estes. Isto é prova de que as eleições foram um elemento de legitimidade e democracia", disse Ella Pamfilova que, na segunda-feira, tinha adiantado que a participação rondava os 77,44%, percentagem que aumentou ligeiramente após a revisão dos dados.
Por outro lado, a representante confirmou mais de 40 "protestos" nas assembleias de voto durante as eleições presidenciais, numa referência às tentativas dos eleitores de danificar os votos, incluindo atos em que foi derramada tinta nas urnas para tentar invalidar os boletins de voto.
A vitória de Putin foi recebida com uma série de críticas por parte dos governos ocidentais, que afirmaram que representa a confirmação de uma tendência repressiva que não deixa espaço para um mínimo de dissidência.
Sem observadores internacionais independentes a acompanhar o escrutínio, o Ocidente questiona a legitimidade do processo, crítica rejeitada categoricamente por Moscovo.
Embora tenha garantido publicamente que não o faria, Putin alterou a Constituição em 2020 para permitir a sua reeleição, o que poderá fazer novamente dentro de seis anos e, assim, permanecer no Kremlin até 2036.
Vladimir Putin, que está no poder desde 2000, também ocupou o cargo de primeiro-ministro entre 2008 e 2012.
Leia Também: Historiador diz que Putin está preso ao poder enquanto guerra continuar