Esquerda independentista recusa aliança com Puigdemont na Catalunha

O partido independentista Esquerda Republicana da Catalunha (ERC, atualmente no governo regional) recusa a proposta de uma lista unitária lançada pelo antigo líder catalão Carles Puigdemont, que hoje anunciou a sua candidatura às eleições antecipadas de 12 de maio.

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Lusa
21/03/2024 21:43 ‧ 21/03/2024 por Lusa

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Catalunha

Fontes da ERC citadas pela agência EFE indicaram que Puigmont, antigo presidente do Governo catalão e eurodeputado do partido Juntos pela Catalunha (JxCat, direita independentista), lamentaram que esta força política tenha abandonado o Governo liderado pelos republicanos independentistas no ano passado ou votado contra "os orçamentos mais sociais da história", e preferem evitar "erros do passado".

Da ERC consideram que "há espaços para reconstruir pontes" e que ficarão "encantados" em poder fazê-lo, mas pedem à JxCat que dê apoio à proposta do presidente catalão, Pere Aragonès, de "financiamento único" como solução para o défice orçamental.

"Se querem realmente refazer a unidade de ação, deveriam começar por aderir a esta proposta", afirmaram.

Carles Puigdemont, anunciou hoje que será o candidato do partido JxCat às eleições antecipadas catalãs, marcadas para 12 de maio, afirmando querer "terminar o trabalho" para tornar a Catalunha independente, tendo sugerido à ERC a partilha de uma lista eleitoral unitária.

"Decidi candidatar-me às próximas eleições para o parlamento catalão", disse Puigdemont, perante perto de um milhar de apoiantes, durante um discurso no auditório da Câmara Municipal de Elna, uma pequena cidade nos Pirenéus Orientais (sul de França), perto da fronteira espanhola.

"Não sou conformista, não gosto de me resignar, não procuro o que é mais cómodo e menos arriscado a nível pessoal. E não poderia explicar, nem sequer a mim próprio, que depois de ter passado seis anos e meio a defender a presidência no exílio, agora que existe a oportunidade de tornar possível a restituição dessa presidência injustamente, ilegalmente removida com o [artigo] 155, eu me esquivaria a essa responsabilidade por razões de conforto pessoal", disse Puigdemont, aclamado pelos participantes entre gritos de "presidente" e "independência".

Foi ao abrigo do artigo 155.º da Constituição espanhola que o Governo central suspendeu a autonomia da Catalunha em 2017, na sequência da declaração unilateral de independência, uma medida aprovada então pelo Partido Popular e PSOE no Senado.

Rosto da declaração unilateral de independência da Catalunha de 2017, Carles Puigdemont fugiu para a Bélgica pouco depois, escapando até hoje à justiça espanhola, recaindo sobre ele atualmente um mandado de detenção em território nacional.

Puigdemont nunca foi condenado, pelo que pode ser candidato nas eleições, como aliás já aconteceu em dezembro de 2017. Foi também candidato nas europeias de 2019 e é desde então eurodeputado.

A amnistia foi uma exigência dos partidos independentistas ERC e JxCat para viabilizarem o último Governo central espanhol do socialista Pedro Sánchez, em novembro passado.

A amnistia já foi aprovada pelo plenário do Congresso dos Deputados na semana passada, por uma maioria absoluta de 178 votos, e está agora no Senado, a câmara alta das Cortes espanholas, onde o PP (direita), que se opõe à lei, tem maioria absoluta.

O Senado não tem poder de veto de leis do Congresso, mas pode prolongar a apreciação durante mais cerca de dois meses. Quando este processo estiver concluído e a lei entrar em vigor, caberá aos juízes aplicar a lei, apreciando caso a caso.

A expectativa é que a lei seja publicada no final de maio ou no início de junho, com as opiniões a dividirem-se sobre os efeitos que poderão ter eventuais pedidos de apreciação ao Tribunal Constitucional ou outros recursos de juízes titulares de processos que envolvem os separatistas.

As eleições na Catalunha, uma região com cerca de oito milhões de habitantes, estão a tornar-se renhidas. De acordo com uma sondagem publicada hoje, o Partido Socialista Catalão, a secção regional do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), ficaria em primeiro lugar, com 35 a 42 lugares, seguido da ERC (26 a 32) e do JxCat (24 a 29), agora inimigos declarados.

Leia Também: Puigdemont confirma que será candidato pelo Junts nas eleições catalãs

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