As normas internacionais consideram ilegal qualquer construção em território militarmente ocupado, como sucede na Cisjordânia, ocupada por Israel desde 1967, mas sob a lei israelita a maioria dos colonatos nessa zona estão legalizados, com os colonos a puderem instalar-se sem autorização prévia.
De acordo com a ONG Peace Now, vocacionada para monitorizar a situação na Cisjordânia, o Governo israelita procura com esta decisão prosseguir o reforço do poder dos colonos em terras palestinianas ocupadas ilegalmente através de um processo mais rápido, e dessa forma "evitar" as críticas internacionais.
"Converter Ahiya num bairro e não num outro colonato permite que não seja necessária uma deliberação do gabinete de Segurança e que permaneça na alçada do ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, atualmente a maior autoridade sobre os colonatos", indicou a Peace Now.
Em 2023, Smotrich chegou a acordo com o ministro da Defesa, Yoav Galant, que possui parte das competências administrativas nos territórios palestinianos, para que as decisões relativas a colonatos permaneçam diretamente sob controlo do primeiro, um líder político de extrema-direita e proveniente de um colonato em território ocupado.
Na passada sexta-feira, Smotrich também anunciou a confiscação de 800 hectares de terras no palestiniano vale do Jordão, Cisjordânia ocupada, convertidas em terra estatal de Israel com a intenção de as anexar a um colonato das proximidades.
Ahiya foi um dos primeiros colonatos ilegais estabelecidos no primeiro mandato do atual primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e onde ainda existem terras palestinianas privadas.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros palestiniano condenou a decisão destinada a "expandir as construções" e a "ligá-las a novos colonatos" com o objetivo de "devorar" todos os territórios da Cisjordânia ocupada.
A Autoridade Nacional Palestiniana -- que governa em áreas reduzidas da Cisjordânia -- assinalou que estas medidas "violam o direito e todas as resoluções internacionais" sobre a ilegalidade dos colonatos e representam um obstáculo para a concretização do princípio de dois Estados como solução para o conflito israelo-palestiniano, atualmente agudizado pela guerra na Faixa de Gaza que já provocou mais de 32 mil mortos e uma grave crise humanitária no enclave.
Em 2023, segundo denuncia a Peace Now, Israel legalizou pelo menos cinco colonatos ilegais, convertendo-os em bairros de outros colonatos.
"O aprofundamento da presença israelita na Cisjordânia apenas beneficia um pequeno grupo extremista em Israel. E aumentará a violência e a opressão contra os palestinianos", acrescentou a ONG.
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