As principais consequências humanitárias destes conflitos são o desaparecimento e a deslocação de pessoas, a violência sexual, o confinamento forçado e as consequências dos engenhos explosivos espalhados por todo o país.
O CICV destacou igualmente a associação de crianças e adolescentes a grupos armados.
Quanto à deslocação de pessoas, o CICV indicou que mais de 195 mil pessoas foram forçadas a deixar suas casas, especialmente nas regiões de Valle Nariño (mais de 43.500), Valle del Cauca (cerca de 28.200) e Cauca (mais de 17.100).
Por outro lado, cerca de 47 mil pessoas foram afetadas por confinamentos comunitários devido à escalada das hostilidades ou à presença de dispositivos explosivos.
Isto representa um aumento de 19% em todo o país em 2023, em comparação com os dados do ano anterior.
As minas e explosivos espalhados por todo o território colombiano atingiram diretamente 380 pessoas, a maioria das quais civis.
Embora nesta secção tenha havido uma diminuição de 22% em comparação com o ano anterior, o CICV destaca que isso não significa uma redução do território afetado.
Ao longo de 2023, o CICV documentou 222 desaparecimentos de pessoas relacionados com conflitos armados e violência no país, embora a organização realce mais uma vez que este número "não contabiliza o total de desaparecimentos que poderão ter ocorrido naquele período".
O chefe da delegação do CICV na Colômbia, Lorenzo Caraffi, apelou ao Governo colombiano e aos principais grupos armados do país para que coloquem "as preocupações humanitárias no centro dos diálogos de paz" e alcancem acordos.
"Nas negociações podem ser adotados acordos especiais que contribuam para aliviar o sofrimento da população afetada pelos conflitos armados, reforçando as obrigações que as partes no conflito têm ao abrigo do direito internacional humanitário", acrescentou.
Neste sentido, Caraffi sublinhou a necessidade de que os possíveis acordos alcançados correspondam a medidas concretas e positivas construídas ao abrigo das disposições do direito internacional humanitário, cujo objetivo é proteger os civis dos conflitos armados.
O CICV defendeu ainda a necessidade de estar presente nas áreas mais afetadas pelos conflitos armados e pela violência na Colômbia para "compreender a dura realidade" vivida pela população.
Em 2023, a organização prestou ajuda humanitária a quase 150 mil pessoas na Colômbia.
O relatório identifica oito conflitos armados de caráter não internacional em curso no país, três dos quais entre o Estado colombiano e o Exército de Libertação Nacional (ELN), entre as Autodefesas Gaitanistas da Colômbia (AGC) e entre as antigas FARC-EP que atualmente não respeitam o Acordo de Paz.
Os outros cinco conflitos, prosseguem, dizem respeito a disputas entre grupos armados não estatais.
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