Genocídio no Ruanda poderia "ter sido travado" por França (e aliados)
No domingo assinalam-se 30 anos desde o início do genocídio no Ruanda, que tirou a vida a mais de 800 mil pessoas, na sua maioria da etnia Tutsi.
© Reuters
Mundo Emmanuel Macron
O presidente de França, Emmanuel Macron, deverá deixar uma mensagem impactante no domingo, quando se assinalam 30 anos do início do genocídio no Ruanda.
Segundo uma fonte da presidência francesa, Macron acredita que tanto França quanto os seus aliados ocidentais e africanos "poderiam ter travado" o genocídio, que causou a morte de pelo menos 800 mil pessoas, a maioria da etnia Tutsi.
Citada pela agência France-Presse (AFP), a mesma fonte diz que a mensagem será deixada num vídeo a publicar no domingo, e no qual Macron vai assinalar que "quando começou a fase de extermínio total contra os Tutsis, a comunidade internacional tinha os meios para saber e agir".
Segundo a AFP, o chefe de Estado irá dizer que "França, que poderia ter impedido o genocídio com os seus aliados ocidentais e africanos, não teve a vontade" de o fazer.
A mesma fonte, que falou sob condição de anonimato, referiu que Macron acredita que na altura, em 1994, a comunidade internacional já tinham experiência a nível histórico em relação a situações de genocídio, com o Holocausto durante a Segunda Guerra Mundial e também contra as mortes em massa de armérnios durante a I Grande Guerra.
Em 6 de abril de 1994, um avião que transportava o Presidente do Ruanda, Juvénal Habyarimana, e o Presidente do Burundi, Cyprien Ntaryamira, foi abatido sobre a capital do Ruanda, despenhando-se nos jardins do palácio presidencial em Kigali.
O acidente marcou o início de três meses de assassínios étnicos em todo o Ruanda a uma escala sem precedentes, mortandade que se estendeu por vários meses, dentro e fora das fronteiras do país.
Um número significativo de indivíduos responsáveis pelo genocídio, incluindo antigos responsáveis governamentais de alto nível e outras figuras-chave por detrás dos massacres, foram entretanto levados a tribunal, e mais de uma dúzia de processos contra suspeitos de genocídio estão a ser conduzidos em tribunais nacionais em toda a Europa ao abrigo do princípio da jurisdição universal.
No entanto, nos últimos anos, vários alegados mentores de genocídios de alto nível morreram ou, no caso de um alegado planeador, foram declarados incapazes de serem julgados, o que realça a "necessidade urgente de continuar a procurar fazer justiça", defende a HRW.
A organização está a divulgar uma série de arquivos que destacam "os esforços dos defensores dos direitos humanos no Ruanda e no estrangeiro, para alertar para o genocídio planeado de 1994 e tentar impedir as mortes".
"Os documentos ilustram de forma dolorosa a recusa dos principais atores internacionais em reconhecer o massacre de mais de meio milhão de pessoas e em agir para lhe pôr termo", sublinha a organização de defesa dos direitos humanos.
Leia Também: Balanço da Justiça sobre genocídio do Ruanda é "oportuno e urgente"
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com