O terramoto que atingiu Taiwan, na quarta-feira, continua a 'abanar' o país, com o número de mortos oficial a subir para dez, e centenas de pessoas a continuarem a precisar de ser resgatadas.

Aquele que foi o maior sismo no país, com uma magnitude de 7,4 na escala de Richter, destruiu muitos edifícios e deixou outros por 'um fio', como é o caso do bloco de apartamentos Uranos, de dez andares, na cidade de Hualien. À BBC, moradores do prédio, que deverá ser demolido na sexta-feira - e cujas imagens correram o mundo devido à sua inclinação -, contaram como foi quando o sismo atingiu as suas casas.

"As paredes estavam a desmoronar-se. Depois disso, uma réplica aconteceu, e a casa inclinou-se", contou Chang Hsin. O homem tinha acabado de acordar quando o sismo aconteceu.

Depois de o primeiro abalo aconteceu, o homem, de 59 anos, começou a gritar por ajuda, e foi aí que viu os bombeiros. "Pedi-lhes que se despachassem. Gritava-lhes: 'Rápido, o próximo abalo deve vai acontecer'", recordou.

"A casa começou a abanar enquanto ainda estava no interior. As minhas pernas estavam a tremer, e eu não conseguia estar parado. Ainda agora não em consigo acalmar", contou à imprensa norte-americana.

Chang Hsin acabou por conseguir escapar do prédio com vida, mas o mesmo não aconteceu a uma das suas vizinhas, que regressou ao bloco quando já estava no exterior, para salvar o gato.

Já outra vizinha, Wei Pang-Huan, contou que não deverá conseguir recuperar tudo o que deixou na sua casa. "Tudo o que tenho está no edifício. Ainda penso se poderei voltar lá para retirar coisas importantes, mas depende daquilo que as equipas nos disserem", explicou a mulher, de 60 anos.

Mais de 24 horas depois do primeiro abalo, há ainda dezenas de pessoas a serem resgatadas, em locais mais remotos. A BBC falou com uma mulher de Singapura, que contou que ficou presa numa zona montanhosa, e que estes momentos foram "o pior pesadelo a tronar-se realidade".

"É tal como nos filmes. Nunca ninguém acha que vai viver isto", afirmou a mulher, explicando que o solo começou a abanar e que apenas se agarrou a quem tinha ao lado. "Foi uma experiência terrível, com os abalos a acontecerem e as rochas a caírem", continuou. A mulher acabou por conseguir chegar a uma unidade hoteleira, onde recebeu tratamento básico.

Uma outra mulher, de 35 anos, contou que estava a conduzir quando o sismo atingiu a zona. "O carro começou a mexer-se como se estivesse a dançar", descreveu.

Taiwan é regularmente atingida por sismos, mas regulamentos de construção rigorosos e uma boa preparação para desastres naturais parecem ter evitado uma catástrofe na ilha.

O sismo levou à emissão de avisos de tsunami em Taiwan, no Japão e nas Filipinas, entretanto já levantados, e foi sentido em Xangai e em várias províncias ao longo da costa sudeste da China, de acordo com os meios de comunicação chineses.

O pior sismo dos últimos anos em Taiwan ocorreu em 21 de setembro de 1999, com uma magnitude de 7,7, causando 2.400 mortos e cerca de 100 mil feridos, e destruindo milhares de edifícios.

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