A primeira entrega foi de 150 toneladas, de um total de 1.500 toneladas, que irão para 2.450 famílias dedicadas à criação e tratamento de gado na Faixa de Gaza, informou hoje a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
"Cada animal que morre provoca impactos duradouros, já que a sua substituição é cara e praticamente impossível devido às restrições às importações", explicou o diretor da unidade da FAO na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, Ciro Fiorillo, citado pelas agências internacionais.
A organização pretende entregar, numa primeira fase, um total de 1.500 toneladas de forragem, o suficiente para produzir e fornecer leite durante 50 dias a todas as crianças em Gaza com menos de 10 anos, o que já permite atingir cerca de 20% das necessidades diárias mínimas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em termos de calorias.
Esta é a primeira vez, desde a escalada das hostilidades no pequeno e sobrepovoado enclave palestiniano, que entram forragens em Gaza, tendo as restrições "causado o colapso das cadeias de valor agroalimentares, contribuindo para a rápida deterioração da segurança alimentar", referiu a organização.
Desde o início do conflito, em 07 de outubro de 2023, 55% dos animais relacionados com o fornecimento de carne e de leite na Faixa de Gaza foram abatidos, consumidos ou perdidos e, em março, restavam apenas cerca de 30.000, adiantou a FAO.
"Ao garantir a disponibilidade de forragem, podemos apoiar a sobrevivência e a reprodução do gado e fornecer alimentos essenciais, frescos e nutritivos, mesmo durante os conflitos", explicou Fiorillo.
A FAO comprometeu-se ainda a expandir a sua ajuda fornecendo "apoio agrícola crucial para restaurar a disponibilidade de alimentos altamente nutritivos, evitar o colapso total do setor, preservar os meios de subsistência restantes e reduzir a fome aguda e a desnutrição".
A comunidade internacional tem apelado em diversas ocasiões a Israel para que permita a entrada de uma maior quantidade de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza, especialmente no norte do enclave, onde a situação é mais grave e se estima que ali vivam cerca de 300.000 pessoas.
O conflito em curso na Faixa de Gaza foi desencadeado pelo ataque do grupo islamita Hamas em solo israelita de 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Desde então, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que provocou mais de 33.000 mortos, segundo o Hamas, que governa o pequeno enclave palestiniano desde 2007.
A retaliação israelita está a provocar uma grave crise humanitária em Gaza, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que já está a fazer vítimas - "o número mais elevado alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.
A população da Faixa de Gaza confronta-se com o colapso dos hospitais, surtos de doenças e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.
A ofensiva israelita também tem destruído a maioria das infraestruturas de Gaza e perto de dois milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, ou seja, a quase totalidade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave.
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