Guerra civil no Sudão já fez mais de 8,5 milhões de refugiados, diz ACNUR

A guerra civil no Sudão já fez mais de 8,5 milhões de deslocados, com 1,8 milhões de pessoas obrigadas a fugir do país, disse a ONU, nas vésperas de um ano de conflito.

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© -/AFP via Getty Images

Lusa
09/04/2024 16:04 ‧ 09/04/2024 por Lusa

Mundo

ACNUR

"Um ano depois, a guerra no Sudão continua a todo o vapor, com o país e os seus vizinhos a passarem por uma das maiores e mais desafiantes crises humanitárias e de refugiados do mundo", disse a porta-voz da agência das Nações Unidas para os refugiados (ACNUR), numa conferência de imprensa, hoje em Genebra, na qual afirmou que mais de 8,5 milhões de sudaneses tiveram de sair das suas casas, incluindo 1,8 milhões que saíram do país.

No encontro com os jornalistas, Olga Sarrado Mur salientou que "os constrangimentos no acesso, os riscos de segurança e os desafios logísticos estão a dificultar a resposta humanitária", a que se junta uma crise de financiamento que deixa as agências sem fundos para acudir às pessoas.

"Apesar da magnitude desta crise, o financiamento continua criticamente baixo; só 7% das necessidades apresentadas no Plano de Resposta aos Refugiados do Sudão foram cumpridas e o plano de Resposta Humanitária só tem 6% das verbas necessárias", acrescentou, notando que "o ACNUR está a salvar vidas mas em muitos locais não é possível dar sequer o mínimo".

O ritmo de pessoas que tentam fugir da guerra entre as forças de segurança e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF), continua muito elevado, havendo cerca de 1.800 pessoas que chegam todos os dias ao Sudão do Sul, "como se a guerra tivesse começado ontem e não há um ano", comprovando que a classe média de arquitetos, professores, médicos e engenheiros, entre outras profissões, foi "quase completamente destruída".

Para além das 640 mil pessoas que já foram para o Sudão do Sul, o ACNUR regista também mais de 150 mil pessoas que continuam em áreas de fronteira sobrelotadas e sem condições sanitárias, e duas a três mil refugiados que diariamente chegam ao Egito, que se juntam às 2.200 pessoas que, só em março, entraram na República Centro-Africana.

"O número de sudaneses registados no ACNUR no Egito aumentou cinco vezes durante o último ano, com uma média diária de duas a três mil pessoas a chegarem do Sudão ao Cairo e a Alexandria", disse ainda a porta-voz, concluindo que a Etiópia, que já tinha uma das maiores populações de refugiados no continente, "também continua a registar forte afluxo de refugiados, que já ultrapassam os 50 mil".

A guerra no Sudão começou a 15 de abril de 2023 entre o exército, sob o comando do general Abdel Fattah al-Burhane, e os paramilitares das FSR, dirigidos pelo seu antigo adjunto, o general Mohamed Hamdane Daglo.

O Sudão mergulhou no caos a partir de 15 de abril de 2023, quando se transformaram em guerra aberta as tensões há muito latentes entre os militares, liderados pelo general Abdel Fattah al-Burhan, e as RSF, comandadas por Mohamed Hamdan Dagalo, ex-número dois no Conselho Soberano - a junta militar que tomou o poder no país no golpe que depôs o antigo ditador Omal al-Bashir, em abril de 2019.

Leia Também: Crescente Vermelho sudanês pede apoio para pessoas afetadas pela guerra

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