"A Ucrânia precisa de 25 sistemas de defesa aérea Patriot que possam proteger as nossas cidades de ataques inimigos", afirmou Illia Yevlash, citado pela agência Ukrinform, num 'briefing' com a imprensa, dando conta da necessidade de outros recursos, como sistemas portáteis que possam ser usados por grupos militares móveis.
Segundo o porta-voz, na última noite as forças russas usaram "quase todo o tipo de mísseis disponíveis", incluindo os poderosos mísseis hipersónicos Kh-47 Kinzhal, além de 'drones' (aparelhos aéreos não tripulados), que são muitas vezes disparados para "distrair" as defesas antiaéreas, antes do recurso a armamento mais potente.
"Infelizmente, ainda não somos capazes de repelir totalmente estes ataques inimigos, porque para isso precisamos de sistemas que já provaram a sua eficácia muitas vezes e já os utilizámos", referiu Illia Yevlash, insistindo nos sistemas Patriot: "Precisamos deles hoje para lutar contra estes ataques combinados".
O porta-voz da Força Aérea disse que é necessário desenvolver todo o sistema de defesa aérea de alto escalão, que inclua equipamentos de curto, médio e longo alcance com o apoio de caças.
A Rússia levou a cabo desde o passado mês de março uma campanha agressiva de bombardeamentos contra o sistema energético ucraniano, afetando gravemente a capacidade de geração elétrica do país, ao mesmo tempo que tem visado sobretudo cidades e localidades no nordeste, incluindo Kharkiv, a segunda maior cidade ucraniana.
Nos seus múltiplos ataques, a Rússia deu mais um passo hoje de manhã no seu objetivo de colapsar o sistema elétrico ucraniano ao destruir uma infraestrutura energética chave na até recentemente inexpugnável região de Kyiv.
Segundo confirmou a empresa responsável pela infraestrutura, Centrenergo, os mísseis russos destruíram "completamente" a capacidade de geração de eletricidade da central térmica de Trypillia, a cerca de 45 quilómetros a sul da capital ucraniana.
Esta infraestrutura da Centrenergo - que perdeu toda a sua capacidade de produção com a recente destruição de outra das suas centrais térmicas na região nordeste de Kharkiv - era o principal fornecedor de eletricidade nas regiões centrais de Kyiv, Jitomir e Cherkasy.
Na última noite, nenhum dos seis mísseis Kinzhal lançados pela Rússia foi abatido pelas defesas da Ucrânia, segundo o relatório diário da Força Aérea de Kyiv, que também relata o uso de 20 mísseis de cruzeiro Kh-101 e Kh-555, 12 mísseis antiaéreos S-300, quatro mísseis teleguiados Kh-59 e 40 'drones kamikaze' iranianos Shahed.
Do total de 42 mísseis, as defesas aéreas ucranianas conseguiram intercetar 18, bem como 39 dos 40 'drones' lançados pela Rússia.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, voltou hoje a pedir aos aliados o envio urgente de sistemas de defesa aérea adicionais para poder proteger as infraestruturas críticas do país, ao mesmo tempo que as forças terrestres continuam a enfrentar falta de munições para conter as investidas russas no leste da Ucrânia.
Na quarta-feira, o alto representante da União Europeia para a Política Externa, Josep Borrell, e o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, falaram sobre os esforços de Bruxelas para o envio de mísseis Patriot para Kyiv, com vista a reforçar os seus sistemas de defesa aérea devido à falta de ajuda norte-americana.
Numa entrevista hoje divulgada pelo jornal Washington Post, o chefe da diplomacia ucraniana afirmou que Kyiv identificou mais de 100 sistemas de defesa aérea Patriot disponíveis em posse dos aliados, pedindo a transferência de pelo menos sete, um número bastante abaixo do que hoje foi apontado pelo porta-voz da Força Aérea.
"Sinto vontade de bater na parede. Só não entendo por que isso não está a acontecer", declarou.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
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