A atriz Kangana Ranaut, candidata do Partido Bharatiya Janata (BJP), do primeiro-ministro Narendra Modi, está há dias no centro de uma polémica apelidada pelos meios de comunicação social de "luta da carne de vaca", depois de os rivais políticos se terem referido à celebridade tornada política como "comedora de carne".
"Acusam-me de ter comido carne, pedi provas, mas depois disseram-me que não tinham nada a ver com isso. Também afirmaram que sou impura e que não tenho caráter", disse Ranaut durante um comício de campanha no distrito de Kullu, no Estado de Himachal Pradesh, no norte do país, onde a atriz procura um lugar no Parlamento.
Kullu, conhecido como "o vale dos deuses", é dominado pela cultura da divindade, com um deus hindu por aldeia, seguindo tradições e rituais específicos que existem há séculos.
As acusações a Arnaut foram transportadas para umas eleições que estão a ser dominadas pela sensibilidade religiosa hindu, que considera a vaca um animal sagrado.
"Himachal Pradesh é um lugar sagrado de deuses, uma terra de deuses. As pessoas que comem carne de vaca não devem participar nas eleições. Esta é uma questão que diz respeito à nossa cultura, que nada tem a ver com política", afirmou no Facebook o seu principal rival na região, Vikramaditya Singh, do Partido do Congresso (CP), da dinastia Nehru-Gandhi.
O BJP está na vanguarda de um movimento nacionalista de cariz religioso, que colocou a maior democracia do mundo num ponto de viragem, à medida que afasta cada vez mais a política nacional do espetro secular, em direção a um Estado que deve a sua existência aos hindus.
Segundo a Comissão Eleitoral Indiana (CEI), as eleições legislativas vão realizar-se a partir de 19 deste mês e decorrerão em sete fases, até 01 de junho, devendo o apuramento dos votos começar três dias depois.
O presidente da CEI, Rajiv Kumar, salientou que a votação é um exercício gigantesco de democracia, o maior movimento eleitoral de pessoas e materiais do mundo, para o que serão mobilizadas mais de 5,5 milhões de máquinas de voto eletrónico.
Os cadernos eleitorais da Índia têm cerca de 970 milhões de eleitores, enquanto o número de assembleias de voto será de cerca de 1,1 milhões.
Este é um novo recorde mundial para o país asiático, ultrapassando o já histórico número de 916 milhões de eleitores chamados às urnas nas eleições gerais de 2019.
Kumar disse que as autoridades eleitorais utilizarão barcos, helicópteros, cavalos, elefantes e outros meios de transporte para chegar a todos os eleitores.
Mais de 1.200 partidos poderão participar nestas eleições para eleger representantes para a câmara baixa e, com isso, as forças políticas para a nomeação do novo primeiro-ministro da Índia.
Modi procura revalidar o mandato pela terceira vez consecutiva e é o favorito à vitória.
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