A sessão em Nova Iorque para escolha do júri marcará o arranque do primeiro julgamento criminal de um ex-presidente norte-americano, enfrentando Trump quatro possíveis julgamentos na sua campanha para tentar regressar à Casa Branca, nas eleições de novembro, em que deverá ser o candidato republicano.
Neste caso, a procuradoria de Manhattan acusa o ex-presidente de 34 crimes relacionados com os 130 mil dólares (121 mil euros) que pagou à atriz pornográfica Stormy Daniels durante a campanha presidencial de 2016, para esconder um alegado caso extraconjugal, pagamentos que Trump camuflou com a colaboração do então advogado na altura, Michael Cohen.
Mais concretamente, as acusações estão ligadas a uma série de cheques que foram emitidos em nome de Cohen, para reembolsá-lo pelo seu papel no pagamento de subornos a Stormy Daniels, que alegou ter tido um encontro sexual com Trump em 2006, pouco depois de Melania Trump dar à luz o filho do casal, Barron Trump.
Esses pagamentos foram registados em vários documentos internos da empresa como uma retenção legal, alegação que os procuradores consideram falsa.
Cada acusação é punível com até quatro anos de prisão, mas, tal como nos restantes casos, Trump alega que tudo não passa de uma "caça às bruxas" para o impedir de regressar à presidência do país.
Este julgamento criminal sem precedentes começa na segunda-feira às 09h30 (hora local, 14h30 em Lisboa) num tribunal de Manhattan, em Nova Iorque, com a seleção do júri, que terá de decidir se o candidato republicano de 77 anos é ou não culpado de falsificação de registos comerciais.
O julgamento começará com a seleção de 12 residentes de Manhattan que terão de declarar Donald Trump "culpado" ou "inocente", após as seis a oito semanas de audiências planeadas.
Numa cidade predominantemente democrata, mas onde Donald Trump construiu parte da sua fortuna, o processo de seleção examinará simpatias políticas para excluir qualquer parcialidade, num processo de escolha que se poderá arrastar por uma a duas semanas.
"Não há dúvida de que escolher um júri num caso que envolve alguém tão conhecido de todos como o ex-presidente Trump apresenta problemas únicos", disse um dos procuradores do caso, Joshua Steinglass, durante uma audiência preliminar.
O julgamento em Nova Iorque é o primeiro de natureza criminal aberto contra um ex-presidente na história dos Estados Unidos.
Além de Nova Iorque, Trump é ainda acusa criminalmente em Washington e na Georgia pelos seus esforços para reverter a sua derrota eleitoral em 2020, assim como na Florida, por reter ilegalmente documentos confidenciais após deixar o cargo em 2021.
As datas do julgamento dos outros três casos criminais ainda permanecem indefinidas.
Se conseguir chegar novamente à presidência, Trump poderá interromper os dois processos federais - em Washington e na Florida - se os julgamentos ainda não tiverem ocorrido.
De acordo com vários levantamentos de opinião, uma parte dos eleitores americanos (32%, segundo uma sondagem da Ipsos de março) estaria menos inclinada a apoiar Donald Trump se fosse considerado culpado no caso de Nova Iorque.
Contudo, os problemas jurídicos que o magnata enfrenta deram-lhe vantagem junto do eleitorado republicano durante as primárias, ao alimentar o seu discurso de perseguição.
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