Numa reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU convocada por Israel para abordar o ataque iraniano de sábado, Guterres alertou que os civis já estão a "suportar o peso e a pagar o preço mais elevado".
"É hora de recuar do abismo. (...) É vital evitar qualquer acção que possa conduzir a grandes confrontos militares em múltiplas frentes no Médio Oriente", apelou.
O líder das Nações Unidas reforçou que a paz e a segurança regionais -- mas também "globais"- estão a ser minadas e que nem a região, nem o mundo, podem permitir-se mais guerras.
A mensagem de contenção do ex-primeiro-ministro português foi reforçada com o lembrete de que o Direito internacional proíbe "ações de retaliação que incluem o uso da força".
O apelo de Guterres parece dirigido tanto ao Irão - que justificou o ataque de sábado como um ato de retaliação pelo bombardeamento do seu consulado em Damasco - quanto a Israel, que hoje disse que se reserva o direito de resposta aos ataques iranianos.
No seu pronunciamento perante o corpo diplomático, por três vezes Guterres insistiu na "responsabilidade comum" que a comunidade internacional tem para evitar uma escalada entre o Irão e Israel, alcançar um cessar-fogo em Gaza, garantir a libertação dos reféns detidos pelo grupo islamita Hamas e prevenir uma deterioração da situação na Cisjordânia.
Para esta sessão de emergência foram convidados os representantes do Irão, Israel e Síria, sendo esperado que se pronunciem após a intervenção dos 15 Estados-membros do Conselho.
Ao convocar esta reunião, o embaixador israelita junto à ONU, Gilad Erdan, indicou que o Irão representa um grave perigo para a segurança de todo o mundo e que este é o momento para deter as "perigosas ambições" iranianas.
O diplomata exigiu ainda que o Conselho condene veementemente o ataque e avance com medidas contra o Irão, incluindo a designação do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica como organização terrorista, e imponha sanções.
O Irão lançou na noite de sábado e madrugada de hoje um ataque contra Israel, com recurso a mais de 200 'drones', mísseis de cruzeiro e mísseis balísticos, a grande maioria intercetados, segundo o Exército israelita.
O ataque surgiu depois de um bombardeamento ao consulado iraniano em Damasco, em 01 de abril, que matou sete membros da Guarda Revolucionária e seis cidadãos sírios, aumentando as tensões entre Teerão e Telavive, já marcadas nos últimos tempos pela ofensiva de Israel na Faixa de Gaza.
[Notícia atualizada às 21h49]
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