Ameaças e contradições. Em que ponto está a tensão entre Israel e o Irão?

Após o ataque do Irão contra Israel, seguem-se as promessas de retaliação. Há versões contraditórias sobre um alegado aviso prévio e sabe-se que o ataque gerou uma onde de desinformação. Eis os mais recentes desenvolvimentos sobre este conflito.

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© Spencer Platt/Getty Images

Notícias ao Minuto com Lusa
16/04/2024 08:55 ‧ 16/04/2024 por Notícias ao Minuto com Lusa

Mundo

Israel

Depois do ataque do Irão contra Israel, no fim de semana, as tensões já existentes entre ambos os países estão mais acentuadas do que nunca e o que irá acontecer permanece uma incógnita - embora seja praticamente certo que Telavive vai retaliar. Em que ponto está a situação?

Ontem, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, voltou a convocar uma reunião do Gabinete de Guerra, na qual se concluiu que o país está a ponderar várias opções de retaliação "dolorosas" contra o Irão, contudo, sem desencadear uma guerra regional - uma das consequências mais temidas pela comunidade internacional, que continua a pedir contenção, face a este conflito - e que não seja bloqueada pelos Estados Unidos.

no primeiro comentário oficial das forças de Telavive sobre o bombardeamento contra o Consulado iraniano em Damasco ocorrido há duas semanas e que levou ao ataque do Irão, o porta-voz do Exército israelita defendeu que as vítimas desse ataque eram terroristas mobilizados contra Israel.

"As pessoas mortas em Damasco eram membros da Força Quds [braço de operações especiais estrangeiras da Guarda Revolucionária]. São pessoas envolvidas no terrorismo contra o Estado de Israel", disse Daniel Hagari em conferência de imprensa.

"Entre esses agentes terroristas estavam membros do [grupo xiita libanês] Hezbollah e assessores iranianos. Não houve um único diplomata que eu conheça. Não tenho conhecimento de nenhum civil que tenha sido morto neste ataque", prosseguiu Hagari.

Quem também se pronunciou foi Benjamin Netanyahu, que apelou à comunidade internacional para "continuar unida" face à "agressão iraniana, que ameaça a paz mundial".

O primeiro-ministro israelita saudou e agradeceu "profundamente" o apoio dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha, da França e de outros países para impedir o ataque iraniano".

Aviso prévio? Casa Branca nega

No domingo, o chefe da diplomacia iraniana indicou que os países da região foram informados da operação 72 horas antes do seu início. "Informámos os nossos vizinhos e os países da região de que a resposta da República Islâmica do Irão no quadro da legítima defesa é certa".

O objetivo da ofensiva, lançada na noite de sábado, foi "apenas e só para o regime israelita", acrescentou.

"O facto de nos limitarmos à legítima defesa e ao castigo do regime sionista significa que não definimos qualquer alvo civil na nossa resposta e que as nossas forças não visaram um local económico e populacional", afirmou Abdolahian.

No entanto, ontem, os Estados Unidos negaram esta versão. Em conferência de imprensa,  o porta-voz de segurança da Presidência norte-americana, John Kirby negou que o Irão tenha transmitido um "aviso prévio" do ataque contra Israel e disse que, apesar de uma troca de mensagens, nunca foram avançados horas ou alvos.

"Já vi o Irão dizer que emitiu um aviso prévio para ajudar Israel a preparar as defesas e limitar os danos potenciais. Este ataque falhou porque foi derrotado por Israel, pelos Estados Unidos e por uma coligação de outros parceiros empenhados na defesa de Israel", disse. 

O ataque "acabou por falhar", apesar do lançamento de mais de 300 drones de ataque, mísseis balísticos e mísseis de cruzeiro, acrescentou. "Nunca nos foi enviada qualquer mensagem, nem a nós nem a ninguém, sobre o calendário, os alvos ou o tipo de resposta", insistiu o porta-voz.

Vídeos, fotos e desinformação. Os conteúdos falsos sobre o ataque do Irão

O ataque provocou uma onda de desinformação nas redes sociais. Uma investigação conduzida pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel, e por vários verificadores de informação, confirmou que muitos dos conteúdos publicados nas redes sociais sobre o ataque são falsos.

O jornal ynetnews garante que até o porta-voz das Forças da Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) esteve envolvido na partilha destas informações falsas. Muitos utilizadores deram conta de que o segmento de um vídeo partilhado pelas IDF, em que assumiam que se tratava do ataque do Irão, era, na verdade, um registo de um ataque russo à Ucrânia, em 2014.

A mesma publicação refere que no Irão circularam inúmeros vídeos e imagens duvidosos, em que se assume tratarem-se de registos feitos na noite de sábado. Um perfil divulgou uma imagem que mostra uma explosão provocada por um míssil iraniano - mas, na verdade, o registo foi feito quando um míssil ucraniano atingiu um alvo em Sebastopol, uma cidade administrada pela Rússia.

Tomer Shlapnik da organização Fake Reporter explicou que as notícias falsas vêm, sobretudo, de perfis identificados como apoiantes do Hamas, do Irão, da Rússia e da Síria. "As mentiras que circularam ontem à noite [sábado] ganharam milhões de visualizações. Aqueles que as espalham são utilizadores bem conhecidos do Twitter, que aprendemos a reconhecer desde o início da guerra", reiterou. 

Ministros dos Negócios Estrangeiros da UE reúnem-se hoje 

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) reúnem-se hoje por videoconferência para discutir o agravamento das tensões no Médio Oriente, depois do ataque iraniano. 

A reunião, na qual vai participar o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Rangel, vai realizar-se inteiramente por videoconferência, pelas 17h00 locais (16h00 em Lisboa) e foi convocada pelo Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Josep Borrell.

Recorde-se que o Irão lançou na noite de sábado e madrugada de domingo um ataque contra Israel, com recurso a mais de 300 'drones' (aparelhos aéreos sem tripulação), mísseis de cruzeiro e balísticos, a grande maioria intercetados, segundo o Exército israelita.

Teerão justificou o ataque com uma medida de autodefesa, argumentando que a ação militar foi uma resposta "à agressão do regime sionista" contra as instalações diplomáticas iranianas em Damasco (Síria), ocorrida a 01 de abril e marcada pela morte de sete membros da Guarda Revolucionária e seis cidadãos sírios.

A comunidade internacional ocidental condenou veementemente o ataque do Irão a Israel, apelando à máxima contenção, de forma a evitar uma escalada da violência no Médio Oriente, região já fortemente instável devido à guerra em curso há mais de seis meses entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza.

Leia Também: EUA negam que Irão tenha dado "aviso prévio" sobre ataque contra Israel

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