Os três diplomatas "foram declarados 'persona non grata' no território do Burkina Faso por atividades subversivas", escreveu o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Burkina Faso numa nota enviada à embaixada francesa em Ouagadougou, cuja cópia foi hoje consultada pela AFP.
Os três diplomatas "são convidados a abandonar o território do Burkina Faso nas próximas 48 horas", refere-se na nota datada de terça-feira.
Os três diplomatas são Gwenaëlle Habouzit, Hervé Fournier e Guillaume Reisacher, segundo o ministério do Burkina Faso.
Em 01 de dezembro, quatro funcionários públicos franceses - agentes dos serviços secretos, segundo as autoridades do Burkina Faso, e técnicos de manutenção informática, segundo uma fonte diplomática francesa - foram detidos em Uagadugu, acusados duas semanas mais tarde e presos, segundo a fonte francesa.
Encontram-se atualmente em prisão domiciliária, de acordo com fontes de segurança do Burkina Faso.
Um ano antes, em dezembro de 2022, o Governo do Burkina Faso tinha expulsado dois cidadãos franceses que trabalhavam para uma empresa do Burkina Faso, suspeitos pelas autoridades de serem espiões.
As relações entre a França e o Burkina Faso só se deterioraram desde a chegada ao poder do capitão Ibrahim Traoré, em setembro de 2022, através de um golpe de Estado - o segundo em oito meses.
Poucos meses após a sua chegada ao poder, Ouagadougou denunciou, em março de 2023, um acordo militar de 1961 com a França, após ter obtido a retirada das forças francesas. O embaixador francês em Uagadugu, chamado após o golpe, não foi substituído desde então.
O Burkina Faso suspendeu igualmente vários meios de comunicação social franceses, incluindo o Le Monde, a Radio France Internationale, a France 24, a Jeune Afrique e a LCI.
No âmbito do esforço para diversificar as suas parcerias, o Burkina Faso estreitou laços com a Rússia.
O regime militar do Burkina Faso estreitou igualmente os laços com os seus dois vizinhos, o Mali e o Níger, igualmente governados por chefes militares saídos de golpes de Estado em 2020 e 2023, que também decidiram cortar os laços com a antiga potência colonial francesa e diversificar as suas parcerias, nomeadamente com Moscovo.
Há vários anos que os três países enfrentam ataques jihadistas recorrentes de grupos ligados à Al-Qaida e ao Estado Islâmico. Só no Burkina, causaram cerca de 20.000 mortos civis e militares e deslocaram cerca de dois milhões de pessoas desde 2015.
Estes países juntaram-se na Aliança dos Estados do Sahel (AES), que anunciou a intenção de criar uma força armada conjunta para combater os grupos extremistas islâmicos.
Por outro lado, abandonaram a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), acusada de ser subserviente à França e de não os apoiar na luta contra os extremistas.
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