Segunda fase da greve geral em Angola com "paralisação total"

Os trabalhadores paralisaram "na totalidade", no início da segunda fase da greve geral, segundo as centrais sindicais, que acusam o Governo de estar "indiferente" às famílias angolanas que não conseguem ter três refeições por dia.

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Lusa
22/04/2024 13:27 ‧ 22/04/2024 por Lusa

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"Os colegas perceberam a mensagem e se percorrerem os hospitais, escolas, repartições públicas, notários, [serviços de identificações], tribunais, há de facto uma paralisação total", disse hoje Teixeira Cândido, um dos porta-vozes das centrais sindicais angolanas.

À Lusa, o sindicalista afirmou que a greve não resulta de uma mera vontade dos trabalhadores angolanos, mas sim da "indiferença do Governo angolano perante as preocupações constantes do caderno reivindicativo das centrais sindicais".

Os trabalhadores "estão a ser empurrados a proceder assim face à indiferença do Governo perante as preocupações constantes do caderno reivindicativo das centrais sindicais e temos que cumprir esta fase até ao dia 30 [de abril]", realçou.

Os trabalhadores angolanos cumprem hoje o primeiro dia da segunda fase da greve geral, convocada pela Central Geral de Sindicatos Independentes e Livres de Angola (CGSILA), a União Nacional dos Trabalhadores Angolanos - Confederação Sindical (UNTA-CS) e a Força Sindical - Central Sindical (FS-CS) e que deve decorrer até ao dia 30 deste mês.

Aumento do salário mínimo, ajuste do salário da função pública e redução de impostos estão entre as exigências no caderno reivindicativo remetido ao Presidente angolano, João Lourenço, em setembro de 2023.

Para Teixeira Cândido, também secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos, o Governo angolano está "indiferente" às preocupações dos trabalhadores, "razão pela qual não negoceia e não tem apresentado propostas que se aproximem minimamente das exigências das centrais sindicais".

"Está é uma resposta ao custo de vida, pela incapacidade de não podermos prover à nossa família com o mínimo durante 30 dias. Esta é a realidade transversal, de Cabinda ao Cunene hoje é um luxo ter três refeições", lamentou o sindicalista.

No caderno reivindicativo, as três centrais sindicais exigem o aumento do salário mínimo nacional, dos atuais 32.000 kwanzas (35 euros), para 245.000 kwanzas (268 euros), proposta flexibilizada, entretanto, para 100.000 kwanzas (109 euros), um reajuste do salário da Função Pública, na ordem de 250%, e a redução em 10% do Imposto sobre o Rendimento do Trabalho (IRT).

O executivo angolano decidiu propor um salário mínimo em função da dimensão da empresa, nomeadamente 48.000 kwanzas (52 euros) para as pequenas empresas, 70.000 kwanzas (76 euros) para médias empresas e 96.000 kwanzas (104 euros) para as grandes empresas, o que foi rejeitado pelos sindicatos.

Leia Também: FMI prevê crescimento de Angola sustentado no setor não petrolífero

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